"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Helena Almeida

Autora de uma obra muito pessoal e coerente, em que a presença da sua própria imagem surge como um veículo de ficção - sujeito criativo e modelo fundem-se, explorando a fotografia e a pintura.


Helena Almeida faria 90 anos.


A inventabilidade presidencial


Tudo se fará de acordo com a sua espirituosa imaginação: os socialistas até vencerão as eleições europeias!

Um pano encharcado... para o dissolver!


Quando (a memória e) as opiniões incomodam

Patrícia Cerdeira, ex-jornalista da RTP, é a nova baixa do Governo de Luís Montenegro: como assessora da ministra da Justiça terá estado menos de oito horas no cargo até se demitir por publicações que fez nas redes sociais... há alguns meses (quando Marcelo Rebelo de Sousa dissolveu o Parlamento).

Nessas publicações criticava o Ministério Público e a PJ e apoiava António Costa, ex-primeiro-ministro.

Quando se volta a falar sobre o processo da Operação Influencer, alguém se recordou das publicações que, pelos vistos, ainda incomodam tanto alguns(mas) que os/as levam a correr com quem manifestou livremente as suas opiniões.


domingo, 14 de abril de 2024

Eriksson homenageado pelo Benfica na Luz

No intervalo do jogo com o Marselha, uma homenagem mais do que merecida.


O crescimento económico traz o aumento de salários



A grande teoria da direita é que os salários só devem aumentar com o crescimento da economia.

A EDP é um exemplo da aplicação dessa teoria: os lucros cresceram, os accionistas vão ser remunerados, a administração aumentou-se em 15% e os trabalhadores... ficam na m...!


Sovietização do ensino - um processo de chalupice

“As famílias precisam de ser ajudadas na educação dos filhos, mas dificilmente o conseguiremos com uma espécie de sovietização do ensino com uma determinada perspectiva, que não é a [da] maioria da sociedade e muito menos das famílias”

Pedro Passos Coelho (8 de Abril de 1924 2024)

Há chalupas para tudo! É evidente que negarão o facto de serem chalupas. 

E quanto mais chalupas mais recusarão admitir que o são. Até ao apogeu da chalupice!...

PPC parece-me estar num desses processos.


quarta-feira, 10 de abril de 2024

Sebastião da Gama - centenário ignorado

Foi pelo seu Diário que entrei quando comecei a dar aulas, por acaso (ou não), em Setúbal. E durante a semana atravessava a Arrábida - a Serra-Mãe - para lá e para cá.

«"O que eu quero principalmente é que vivam felizes."

Não lhes disse talvez estas palavras, mas foi isto o que eu quis dizer. No sumário, pus assim: "Conversa amena com os rapazes." E pedi, mais que tudo, uma coisa que eu costumo pedir aos meus alunos: lealdade. Lealdade para comigo e lealdade de cada um para cada outro. Lealdade que não se limita a não enganar o professor ou o companheiro: lealdade activa, que nos leva, por exemplo, a contar abertamente os nossos pontos fracos ou a rir só quando temos vontade (e então rir mesmo, porque não é lealdade deixar então de rir) ou a não ajudar falsamente o companheiro.

"Não sou, junto de vós, mais do que um camarada um bocadinho mais velho. Sei coisas que vocês não sabem, do mesmo modo que vocês sabem coisas que eu não sei ou já me esqueci. Estou aqui para ensinar umas e aprender outras. Ensinar não: falar delas. Aqui e no pátio e na rua e no vapor e no comboio e no jardim e onde quer que nos encontremos."

Não acabei sem lhes fazer notar que "a aula é nossa". Que a todos cabe o direito de falar, desde que fale um de cada vez e não corte a palavra ao que está com ela.»

Diário

Esta passagem do início do Diário serviu-me para o início das aulas e da relação com algumas das minhas primeiras turmas - como o 1.º 20 (agora chamaríamos 5.º 20), na Escola Paulo da Gama. 

E assim foi com eles...

Os meus alunos do 1.º 20 (de 1987-88), com algumas faltas, já mais crescidinhos (1990)


segunda-feira, 8 de abril de 2024

Passos Coelho lançou a sua candidatura à presidência

 

As 22 personagens são da Opus Dei ou seus apaniguados. 

O que ouvi de citações do livro é assustadoramente reaccionário, a começar pelas do boçal César das Neves. 

Passos Coelho prestou-se a fazer a apresentação do livro, à qual esteve presente o quartel-general do Chega, com Ventura a congratular PPC. Do Governo, esteve presente Nuno Melo - natural. Faltou o Gonçalo da Câmara Pereira!


Manifestação pela Quinta dos Ingleses





sexta-feira, 5 de abril de 2024

Acordo Ortográfico 1990 - aconselha-se revisão

Como já várias pessoas se lembraram, a propósito de reposições, o Governo devia rever o Acordo Ortográfico de 1990. Isso era uma boa ideia!




Reposição dos padrões dos descobrimentos

Depois da reposição do símbolo do Governo, na próxima semana, o Conselho de Ministros deliberará sobre a reposição dos padrões na costa africana.

Por altura das últimas eleições, uma senhora afirmava ter votado no Chega para que as suas netas pudessem viver como ela tinha vivido nos tempos do império colonial.

Vá lá, não recuou ao século XV!


quinta-feira, 4 de abril de 2024

Descubra as diferenças ou... como agora há um firme empenhamento

«O ministro dos Negócios Estrangeiros criticou esta quinta-feira “algumas hesitações” do anterior Governo sobre a adesão da Ucrânia à União Europeia (UE) e considerou que com o executivo de Montenegro deixou de haver ambiguidades.

O ex-primeiro-ministro alertou em diversas ocasiões que o alargamento da UE tinha de ser acompanhado de uma reforma das estruturas do bloco comunitário, incluindo orçamental, para evitar desequilíbrios, por exemplo, na distribuição de fundos europeus, representação dos países no Parlamento Europeu e até as regras de decisão entre os Estados-membros.

Sobre estes alertas, o ministro dos Negócios Estrangeiros reconheceu que o alargamento “claro que implica uma reforma financeira e dos tratados“. “Isso já era a posição do Governo anterior e essa mantém-se”, acrescentou, fazendo uma distinção com o Governo de hoje que demonstrou “firme empenhamento em apoiar o alargamento, quando ele tiver de ter lugar”.» (Observador)

Força, Paulinho!
Finalmente temos um "firme empenhamento"... quando ele tiver de ter lugar.


quarta-feira, 3 de abril de 2024

O simbolismo de uma medida à volta do símbolo

A alegria do primeiro sucesso!


Ingratidão

Deram pela falta do Pedro Nuno Santos, mas do coligado (que nem convidado foi)...


Obrigado!

Tipo Downing Street

Independentemente de falhas, de estratégias que se revelaram desacertadas 
e de escolhas erradas quanto a colaboradores...
(que confirmam a minha falta de gosto pelas maiorias absolutas) 
... acho que terei saudades de António Costa como 1.º Ministro.
É que, apesar de tudo, não vejo nenhum político mais competente.


terça-feira, 2 de abril de 2024

48 anos da Constituição, a morte do Padre Max e o MDLP

No dia 2 de Abril de 1976 foi aprovada a Constituição, após dez meses de trabalho da Assembleia Constituinte.

50 anos depois, Portugal voltava a ter uma Constituição democrática.

Não sei se pelo simbolismo da data, foi hoje que o Presidente da República deu posse ao XXIV Governo da República. 

N'A Capital de 3 de Abril, a Constituição era o centro - LIBERDADE E PROGRESSO.

Mas em baixo a notícia: "Bomba mata padre candidato da UDP e estudante". Ao fim de muitos anos, faltando provas concretas relativamente aos executores, o Tribunal absolveu os arguidos, apesar de admitir a responsabilidade do MDLP no atentado.

O MDLP era um movimento terrorista que tinha o objectivo de realizar um projecto subversivo com vista à sublevação armada da população para o derrube do Governo Português, responsável por ataques bombistas durante o "Verão Quente" de 1975. À comissão política do MDLP pertenciam Fernando Pacheco Amorim (tio de Diogo Pacheco Amorim, que também integrava o MDLP) e José Miguel Júdice (pai da agora Ministra da Justiça e comentador encartado).

Os elementos do MDLP (pelos seus bons contactos) foram escapando por entre os pingos de chuva. E o Cónego Melo, que também esteve envolvido com a organização terrorista, até teve direito a uma estátua erguida em Braga (2013), aprovada pelo executivo municipal liderado pelo socialista Mesquita Machado.


Vale que o autarca do PSD que sucedeu a Mesquita Machado aprovou a construção de um memorial de homenagem a Salgado Zenha, inaugurado a 25 de Abril de 2014, advogado de muitas figuras da Oposição durante o Estado Novo e uma das principais figuras do processo de democratização em Portugal.


segunda-feira, 1 de abril de 2024

Ryuichi Sakamoto - O som perpétuo

"Eu estou fascinado pela noção de som perpétuo." (R. Sakamoto)

Opus - o filme do filho de Sakamoto sobre o pai, falecido há um ano (28-03-2023). 

O filme não quer ser mais do que uma espécie de último "concerto" - um filme-testamentoA gravação foi feita aos poucos e os trechos foram reunidos posteriormente. 

Nada mais existe ao longo de todo o filme a não ser as 20 composições escolhidas, tocadas pelo músico já frágil, ao piano. O piano que não lhe dava "o som perpétuo". 

As suas músicas é que poderão constituir, para nós, o som perpétuo.


Quinta dos Ingleses - a sua história


A Quinta dos Ingleses já está a ser entaipada pela empresa Alves Ribeiro, construtora e proprietária do terreno. Em primeiro lugar surgirá um parque verde urbano - para parecer um projecto fofinho. Mais tarde, está prevista a construção de 850 apartamentos de luxo, três hotéis e zonas comerciais. 


domingo, 31 de março de 2024

Primavera falhada

Esta Primavera está ao nível da Primavera Marcelista - tão frustrante uma como a outra.


Amanhã chega Abril...


sábado, 30 de março de 2024

Viva o novo Governo! Vivam as Ordens! Viva a criatividade jornalística!

Em primeiro lugar, foram muitos os comentadores que exultaram com a composição do Governo.
Temos de reconhecer que é natural, pois trabalharam, de facto, para que o poder mudasse (com toda a legitimidade, diga-se: SIC, TVI/CNN, Observador, etc. são empresas privadas e podem fazer as suas opções editoriais - ninguém as obriga a ser isentas).

Depois foram as Ordens (Vivam as Corporações! - Salazar pode estar satisfeito!).








Depois das Ordens foram os Polícias.
Depois das Polícias serão os Militares.
Depois dos Militares serão (talvez...) os Professores (já desconfiados do economista nomeado para o Ministério da Educação, incluindo o Ensino Superior, Ciência e Inovação) - e eu desconfiado me confesso, lembrando o que afirmou o Dr. Fernando Alexandre enquanto Secretário de Estado do Governo de Passos Coelho (e em outras ocasiões da sua carreira de economista).
Bem diz o Público: "o ministro que antes de o ser já é contestado". 

Uma escriba da CNN, num momento de criatividade jornalística (qual objectividade dos factos!), conseguiu escrever, referindo-se a Fernando Alexandre, que:

O Ministro da Educação foi Nuno Crato, do princípio ao fim do XIX Governo Constitucional (2011 - 2015). Entre 22 de Abril de 2013 e 23 de Abril de 2015, Fernando Alexandre foi Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Administração Interna (primeiro, Miguel Macedo, depois, Anabela Rodrigues). 

Se a escriba estivesse atento, concluiria da incoerência da demissão de um Ministro da Educação por incompatibilidade com uma Ministra da Administração Interna.

Mas, pronto!
Há muita satisfação, muito optimismo em quem estava mais longe do poder, tristeza e muito cepticismo em quem foi afastado e nos seus apaniguados.
O PS acusa o PSD de restringir a constituição do Governo (ainda incompleta) ao núcleo do partido, auto-limitando-se, acusação, aliás, semelhante à que o PSD fez quando da formação dos governos do PS.

Estamos no mundo dos interesses. 
Os interesses dos mais poderosos pesam mais.
Estamos num mundo normal.

P.S. - Aguardo com expectativa se o futuro Ministro das Infraestruturas e da Habitação não virá a ser incomodado com o inquérito instaurado pelo Ministério Público a propósito da venda por truta-e-meia, pela C.M. Cascais, de um terreno junto à Marginal, na Parede, para permitir a construção de um hotel da cadeia Hilton, negócio com contornos muito duvidosos. 
Se o Governo durar muito...

P.S. 2 - A propósito do mesmo futuro Ministro, também será bom lembrar a conclusão do processo de privatização da TAP - muito a correr, por um Governo que se sabia não ir governar - em 12 de Novembro de 2015, enquanto Pinto da Luz desempenhou o cargo de Secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações, de 30 de Outubro a 26 de Novembro de 2015.


sexta-feira, 29 de março de 2024

Cheirava a revolução no Coliseu

Em Março de 1974 a direcção da Casa da Imprensa organizou o I Encontro da Canção Portuguesa, no Coliseu dos Recreios de Lisboa. Serviria como cerimónia de entrega dos Prémios da Imprensa de 1973 nas categorias de rádio, música ligeira, música erudita, televisão, bailado e literatura.

O Governo tentou impedir o espectáculo, mas este veio a realizar-se no dia 29 de Março de 1974, depois de conversas com instituições do regime, negociações, avanços e recuos, cedências...

«Nós passámos cerca de mês e meio a organizar o espectáculo porque vinham proibições, autorizações, proibições. Na própria noite do espectáculo, fomos autorizados a actuar, pelas 10h 20m [da noite], com as letras cortadas. E estão seis ou sete mil pessoas à espera. Na rua, a GNR e a PIDE estavam em tudo quanto era sítio para impedir o espectáculo. Este acaba por se realizar, e o Fanhais é o único que fica impedido de actuar, sentado na assistência.» (José Jorge Letria)

Às 22 horas, ainda Caetano de CarvalhoSub-secretário de Estado da Informação e Turismo, foi ao Coliseu negociar o cancelamento do espectáculo em nome do bom senso.

Pela primeira vez juntavam-se em palco José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Carlos Pardes, Manuel Freire, Fausto, Vitorino, Ary dos Santos, Carlos Alberto Moniz, Maria do Amparo, Nuno Gomes dos Santos, José Jorge Letria, Fernando Tordo, José Barata Moura, entre outros. Muitas foram as canções censuradas e muitos cortes foram feitos às canções que podiam ser cantadas.

Os músicos tiveram a coragem de fazer várias afirmações que denunciavam a censura. Adriano foi directo: «Não será necessário dizer-vos que aquilo que vamos cantar não foi exactamente escolhido por nós, (...). Nós todos gostávamos de lembrar, (...) os nossos companheiros que neste momento estão impedidos de estar aqui connosco. Falamos de muitos, mas podemos citar o José Mário Branco, o Sérgio Godinho, o Francisco Fanhais, o Luís Cília, enfim, todos os outros milhões de portugueses que (...) estão fora da nossa terra, seja na Europa seja noutros continentes, como em África, por circunstâncias alheias à sua vontade directa.»

José Afonso explicou que «os habituais impedimentos que surgem sempre nestas ocasiões, que aliás são muito raras, obrigam-me a cantar uma canção que pelo menos poderá ser cantada por todos nós, que é a Grândola. (...) A canção que resta é Milho Verde. Havia outras canções, mas não existem instrumentos para elas... Rigorosamente, as duas que podem ser cantadas são estas duas.»

Grândola, Vila Morena, aos olhos dos censores, não tinha parecido subversiva.

«Filas e filas da plateia, das bancadas, dos camarotes, das galerias eram massas de gente, de braços dados, como que a participar de um fantástico cerimonial.» (Capital, 30 de Março de 1974)

O Estado Novo estava caduco e aquele foi um "momento mágico" que parecia o presságio de um novo tempo.

«Foi o principal momento em que a canção política se apresentou perante uma multidão, como um espectáculo de massas; foi um grande contributo dos músicos para, naquela altura, confrontar o regime com a sua fragilidade.» (José Jorge Letria)


Este espectáculo foi gravado por dois técnicos da Rádio Renascença e transmitido no programa Limite. As bobines foram oferecidas, há alguns anos, ao arquivo sonoro da RTP, estando disponível na RTP Play. Também se encontra no YouTube. 

O programa Limite seria o escolhido para a passagem de Grândola como senha do 25 de Abril, por Carlos Albino, um dos espectadores do I Encontro da Canção Portuguesa.


terça-feira, 26 de março de 2024

Favas contadas...

... e saiu a fava a Luís Montenegro.
Os brindes ficam para o Ventura (ajudado pela CS)! O Diogo Pacheco de Amorim chega a Vice-Presidente da Assembleia Nacional da República, um homem com provas dadas de "presença democrática".

Ventura, o "Jactante"
(80 deputados da AD + 8 da IL + 50 do Chega = 89 votos)

Uma entrada em falso do PSD na XVI Legislatura.
Quem não tem uma maioria segura, tem de esboçar sinais para a formação de saídas positivas, tem de se habituar que existem partidos... à sua esquerda e à sua direita.
É escolher!
Eu proponho que o António Filipe fique como Presidente da Assembleia da República até ao fim da Legislatura.
Dará mais estabilidade.



segunda-feira, 25 de março de 2024

Maurizio Pollini (1942 - 2024)

Morreu Maurizio Pollini, um dos grandes pianistas do nosso tempo. Intérprete, sobretudo, dos românticos - Schubert, Schumann, Chopin, Brahms - mas também de Beethoven. 

«A minha aproximação à música é sempre global, no sentido em que todas as componentes contribuem para o todo. A arquitectura de uma peça é até um dos aspectos mais imediatos, mais óbvios, facilmente compreensível. Há muitos outros muito mais complexos de trabalhar, por exemplo, o carácter a dar a cada peça ou a cada secção. O que está para além das notas, das indicações da partitura, da estrutura, esse sim é o verdadeiro desafio.» 



Steve Harley & Cockney Rebel - Sebastian

Sebastian foi, para mim, o one-hit wonder dos Cockney Rebel, com Steve Harley como vocalista. 


Li há pouco que Steve Harley faleceu na semana passada. Recordo o hit de 1973. 


Finalmente, qualquer coisinha!...




Recordo um cartoon de António, já com muitos anos (1983?), trabalhado com base numa foto tirada no gueto de Varsóvia, em Abril de 1943.


O que faz um Cardeal na lista do Papa?

O cardeal e bispo de Setúbal, Américo Aguiar, foi indicado como primeiro membro da candidatura de Pinto da Costa ao Conselho Superior do Futebol Clube do Porto. 
Segundo Pinto da Costa, foi o cardeal Américo Aguiar que se ofereceu para pertencer à lista candidata.

Estará Pinto da Costa à espera de um milagre para ganhar o campeonato?
Por amor de Deus!
Não há noção do ridículo?


domingo, 24 de março de 2024

Porque nunca é tarde para realizar um sonho

Sven-Goran Eriksson, diagnosticado com cancro terminal, teve a oportunidade, na passada 6.ª feira, de orientar o Liverpool em Anfield Road. Como ele sempre sonhou.
O ambiente foi incrível.

Porque o desporto também é isto.

«It’s been my dream club all my life – even when I had England, I also supported Liverpool, but I couldn’t say it at that time.
“It’s a good finish, to finish with Liverpool, it can’t be much better than that.»



SOS Quinta dos Ingleses

Para celebrar o Dia da Árvore no interior da Quinta... parece que começaram as obras para pôr fim à Quinta.





quinta-feira, 21 de março de 2024

Os lagartos ao sol

Expõe ao sol a perna escalavrada,

no Jardim do Príncipe Real,

uma velha inglesa. Não há nada

tão bonito (pra mim), so natural.

 

E conversamos: «Helioterapia

medicina barata em Portugal.»

Accionista do sol, ajudo à missa:

«But, não muito, que senão faz mal.»

 

Gozosos, eu e a velha, ali ficamos

à mercê de meninos e marçanos.

Ela, a inglesa, de perninha à vela;

e eu, o português, à perna dela.

 

Talvez que, se Briol nos conservara,

alguém um dia nos ajardinara.

 

Alexandre O’Neill, Poesias Completas & Dispersos




Dia Mundial da Poesia

«Para mim, um poema é a expressão do que eu poderia chamar uma intensidade. E é uma intensidade que é conseguida pela concentração naquele corpo de palavras, no fundo, naquele objecto, de um olhar de uma experiência da realidade que ali encontra, portanto, essa concentração.»
Nuno Júdice


«Pergunto como se escreve o poema? 
E a resposta possível
é escrever o poema» 
Nuno Júdice, O Estado dos Campos



quarta-feira, 20 de março de 2024

Agora

Abre-te, Primavera!
Tenho um poema à espera
Do teu sorriso.
Um poema indeciso
Entre a coragem e a covardia.
Um poema de lírica alegria
Refreada,
A temer ser tardia
E ser antecipada.

Dantes, nascias
Quando eu te anunciava.
Cantava,
E no meu canto acontecias
Como o tempo depois te confirmava.
Cada verso era a flor que prometias
No futuro sonhado…
Agora, a lei é outra: principias,
E só então eu canto confiado.
Miguel Torga, Diário X, (S. Martinho de Anta, 31 de Março de 1968)



segunda-feira, 18 de março de 2024

sábado, 16 de março de 2024

O 16 de Março de 1974

«O Golpe das Caldas de 16 de Março de 1974 é um importante acontecimento da história da democracia portuguesa, de definição ambígua, paradoxal e anacrónica.» (Dicionário de História de Portugal - O 25 de Abril)

Não é fácil contar a história da tentativa de golpe contra o regime. O 16 de Março foi uma acção mal planeada e que se precipitou no meio de um "encadeamento de equívocos". 

É preciso lembrar o clima geral de contestação à demissão dos generais Spínola e Costa Gomes. Esse ambiente de instabilidade e insatisfação verificava-se, nomeadamente, nas Caldas da Rainha (Regimento de Infantaria n.º 5), no Regimento de Infantaria n.º 14 de Viseu e no Centro de Instruções de Operações Especiais, de Lamego.

Houve oficiais que manifestaram vontade em trazerem as suas unidades para a rua e tomarem uma posição de força. Houve muitos contactos estabelecidos, nomeadamente com elementos do recém-formado MFA, mas verificou-se uma enorme falta de coordenação e não se garantiram objectivamente os apoios necessários. Havia quem pensasse que bastaria um quartel movimentar-se que outros se lhe juntariam - um "abanão" e o regime viria abaixo. 

Spínola, informado do clima reinante e das intenções de oficiais que lhe eram próximos, tinha considerado que "este não seria o momento adequado para desencadear qualquer acção", até porque o Governo estaria em situação de alerta. 

O poder, em Lisboa, já se tinha apercebido de movimentações em alguns quartéis e tinha declarado prevenção rigorosa nas unidades militares.

Quando na noite de 15, nas Caldas se decidiu avançar com uma coluna militar, o novo comandante (que tinha tomado posse nesse dia) ficou detido no quartel, mas com acesso ao telefone do seu gabinete, pelo que pôde informar Lisboa do que se passava.

«Quando, às 04h00 do dia 16 de Março, a coluna atravessa os portões do quartel em direcção à capital, tendo no comando o capitão Armando Ramos, já o Governo está em alerta máximo e preparado para enfrentar os militares revoltosos. A coluna que sai do quartel é formada por 15 viaturas, não tendo sido possível determinar o número exacto de militares envolvidos na revolta, mas seriam à volta de 180 homens.» (José Matos e Zélia Oliveira, Rumo à Revolução)

Em Lisboa, as forças fiéis ao Governo esperavam os revoltosos nas entradas da cidade, nomeadamente na zona oriental (Portela, Moscavide e Sacavém).

A poucos quilómetros da capital a coluna foi informada pelos majores Manuel Monge e Casanova Ferreira de que mais nenhuma força militar saíra. Perante este cenário, foi decidido que a coluna invertesse a sua marcha e voltasse ao quartel. Os dois majores também acompanharam a coluna pretendendo resistir. 

Mas depois do seu regresso, o quartel foi cercado pelas forças fiéis ao regime provenientes de Leiria e de Santarém, e os revoltosos, após várias horas de negociações, acabariam por se render e seguir presos. Destes, o único que pertencia às estruturas do MFA era o major Manuel Monge. Outros elementos do regimento foram transferidos para outras unidades militares. Chegava assim ao fim o levantamento que ficou conhecido como “levantamento” ou “intentona das Caldas”.

Durante esta insurreição, Marcelo Caetano, informado da saída das forças das Caldas, já de madrugada, dirigiu-se para o Quartel-general da 1.ª Região Aérea, no Monsanto, local onde devia procurar refúgio em caso de emergência. O Presidente da República juntar-se-lhe-ia poucas horas mais tarde. 

O Almirante Américo Tomás escreveria mais tarde que «Só me pareceu verdadeiramente diligente, operante e determinado o Ministro do Exército. No Presidente do Conselho notei um alheamento, que me pareceu praticamente total e que me chocou deveras: em suma e em conclusão, não regressei a casa bem impressionado, nem optimista. (...) confrangeu-me a passividade e o alheamento quase geral, que não me pareceu bom augúrio.»


Uma nota do Governo, já no dia 17, resumia a situação (da sua perspectiva) «Depois da rendição dos oficiais que se sublevaram nas Caldas da Rainha reina a ordem em todo o país.»

A hierarquia militar permaneceu imperturbável, procedendo apenas a algumas transferências. Parece ter sido criado um sentimento de falsa segurança e as forças do regime terão ficado convencidos que o assunto estava sanado.


A tentativa falhada expôs o modo de operações do Estado Novo - conseguiram-se identificar estratégias e instrumentos utilizados - mas também levou ao reconhecimento de falhas do movimento dos revoltosos (aspectos a ter em conta na acção do MFA): necessidade de melhor planeamento, de atenção às comunicações, de coordenação - inexistência de uma cadeia de comando clara - e que... “O golpe tinha de ser entre terça e quinta-feira, devido aos fins-de-semana, e as unidades deviam sair todas ao mesmo tempo” (Vasco Lourenço) 

«O 16 de Março foi fundamental para moldar a forma que assumiu a intervenção militar em 25 de Abril de 1974.» (Aniceto Afonso)

O golpe das Caldas seria referido por Marcelo Caetano na sua última Conversas em Família, no dia 28 de Março.

«Recomendação: quando planearem um novo movimento militar nunca o façam num sábado. Podemos dizer que é uma lição da História.» (Aniceto Afonso)