"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

quinta-feira, 29 de julho de 2010

A tralha... até à náusea

Toda a imprensa fala insistentemente - até à náusea! - do negócio da PT, do caso Freeport, do que disse o Carlos Queiroz, etc. e uma pessoa não compreende.

Era estratégico - vital - não vender a participação da PT na Vivo! Afinal, foi estratégico - vital - vender! Esse negócio deve ser deveras importante. O que é que nós ganhamos?
Ao fim de 6 anos, não houve tempo para fazer 27 perguntas ao primeiro-ministro!
Ao fim de 2 meses alguém se lembra do que o treinador da selecção terá dito quando da realização de um controlo anti-doping.
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«O que é curioso é que não estou disposto de modo algum a considerar-me louco. (...)
Aconteceu-me qualquer coisa; já não posso duvidar. Qualquer coisa que veio à maneira duma doença (...); que se instalou sorrateiramente, pouco a pouco. A dada altura senti-me um tanto esquisito, algo incomodado, mais nada. Tomado o seu lugar, essa coisa não mexeu mais, ficou como estava, e pude assim convencer-me de que não tinha nada, que tinha sido um rebate falso. Mas eis que o mal começa a propagar-se.»
Jean-Paul Sartre, A náusea

O contrabaixo



No quarteto do vídeo não há contrabaixo, mas lembrei-me.
O músico do violoncelo fez-me lembrar o livro O Contrabaixo, de Patrick Süskind (o autor de O Perfume).
Num monólogo, e enquanto bebe umas cervejas, um músico de uma orquestra - um contrabaixista - fala do instrumento que toca e da paixão que sente por uma das cantoras. O problema é como chamar-lhe a atenção e demonstrar o seu amor. Delirante.

«Um dia, no ensaio da Ariadne, quis forçar isso. Ela fazia de Eco, um papel menor, meia dúzia de trinados (...). Ela havia de me ter visto dali, se tivesse olhado, se não se tivesse concentrado no DM... Estive a pensar, se eu agora fizesse qualquer coisa, se despertasse a atenção dela... deixando cair o contrabaixo ou entrando com o arco pelo violoncelo que está à minha frente, ou ainda, tocando falso, de modo a dar nas vistas... (...) Mas acabei por desistir. É mais fácil dizer do que fazer.»

«Às vezes acordo a meio da noite... a gritar. Grito, porque no sonho a oiço cantar, meu Deus! Ainda bem que o quarto está isolado à prova de som. Fico alagado em suor e, depois, volto a adormecer... e acordo de novo com os meus próprios gritos. E é assim toda a noite: ela a cantar, eu aos gritos, adormecendo, ela a cantar, eu aos gritos, adormecendo, etc. A sexualidade é isto.»

Por isto, acho que compreendi melhor o complexo revelado inicialmente pelo violoncelista.


segunda-feira, 19 de julho de 2010

Tem piloca

Chegou hoje a mensagem:
É um sobrinho-neto gajo! A expressão foi da mãe, não estou, portanto, a ofender ninguém.
O pai babado (e ainda faltam uns meses!) andou às compras pró miúdo, parecia uma mulher, expressão usada pela mãe, pelo que não estou a ofender ninguém.

Agora vem a discussão do nome: Tomás (já tem votos contra), Guilherme (diz a tia-avó), Pedro (uma possibilidade, mas não sei), mas ainda não digo aquele de que gosto mais.

O rapaz está na maior e deve-se estar a rir disto tudo.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Alfredo Cunha - Exposição de fotografia

Conheci-o das fotografias do 25 de Abril de 74.
Quem é que, tendo vivido esses acontecimentos, não as conhece?

Agora, Alfredo Cunha decidiu doar o seu espólio ao Arquivo Municipal de Lisboa: 10 mil provas em papel e um milhão em suporte digital (ao que consta).
O Arquivo mostra-nos uma pequena parte desse espólio, que conta a história de Portugal nas últimas décadas, na exposição Estamos no mesmo sítio.




Como é?

Hoje foi um dia estranho.

Recordar Sandy Denny... para reencontrar o fio perdido.



domingo, 4 de julho de 2010

Sonho (II)

Um jovem disse-me "Os patos sofrem com os sonhos".

Em Bruxelas (que nunca visitei), um aluno (desconhecido) reconheceu-me. Eu estava junto a um eléctrico/elevador chamado Portugal e que tinha a bandeira nacional pintada na parte da frente.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

O aspirador eléctrico

A 1 de Julho de 1910 o jornal O Século anunciava um novo aparelho: o “Aspirador Eléctrico”.

«Mediante essa pequena máquina, tão simples, quanto engenhosa, qualquer pessoa pode, num limitado espaço de tempo, fazer a minuciosa limpeza de muitas casas, sem levantar um átomo de poeira e deixando no mais absoluto estado de asseio os móveis estofados, os tapetes, os reposteiros, as alcatifas, os cortinados, as gavetas, os guarda-fatos, todos os vãos, todos os cantos, paredes, tectos, tudo, enfim, sem ter que afastar, um bibelô, ou que deslocar um movem do seu lugar porque o Aspirador lá vai absorver.»

Reuniões cacarejantes

Como bem disseste no final do ano passado, Fátima, estas nossas reuniões estão a ficar mais cacarejantes.

É preciso estudar mais, voltar à escola e saber mais

Notícia do Público de 29 de Junho: 

Mariano Gago pede mais ambição e quer chegar aos dois milhões de licenciados

Mariano Gago não tem dúvidas: "Portugal só conseguirá inverter o mais difícil escolho de desenvolvimento se convencer os seus concidadãos a estudarem mais, a saberem mais, não apenas para trabalhar melhor, mas para serem melhores cidadãos. Este é o desafio que todos temos pela frente."
Declarando que "é preciso estudar mais, voltar à escola e saber mais", o ministro da Ciência e do Ensino Superior contextualizou a situação do ensino superior em Portugal não só em relação à Europa, mas também a nível dos países mais desenvolvidos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) para afirmar que "Portugal tem apenas cerca de metade do número de diplomados dos países mais desenvolvidos da OCDE". "Temos cerca de um milhão de pessoas com diploma de ensino superior. Se estivéssemos ao nível, nesse indicador, dos países mais desenvolvidos da OCDE, teríamos dois milhões. É esta a dimensão do nosso problema de competitividade para os próximos anos", disse ontem o ministro (...)


Plano A - Convençam-nos disso (a começar pelas próprias criancinhas que frequentam a Escola e os pais das criancinhas). É que devia ser mesmo para aprender mais!
Se não resultar...
Plano B - Facilitem a atribuição do milhão de diplomas em falta (aqueles cursos rápidos em que se recebem diplomas mesmo sem se aprender (muito) mais. Podem fazer melhores ofertas aos habitantes dos concelhos com poder de compra abaixo da média nacional). Estatisticamente ficaremos bem!