"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

domingo, 27 de novembro de 2011

Aproveitar o dia até ao fim

Monte Estoril ao lusco-fusco, com os passeantes a espremerem o dia, a lua já a espreitar o quarto-crescente e um pescador ainda com esperança, na ponta do pontão...




Mensagem "postada" ao fechar do dia (fuso horário dos Açores, desde sempre).

José Rodrigues Miguéis e o fado

Desenho de Stuart
«Por pobre que seja musicalmente, o Fado é em geral inconfundivelmente português. Se o povo o acolheu e o canta, é porque nele achou uma forma de expressão que lhe convinha.»
O espelho poliédrico

«A Lisboa do Fado uterino menor, desgarrado e soluçante, das mansas e discretas podridões, dos galegos e das mulheres por trás das tabuínhas.»
Lisboa - Cidade triste e alegre

«Por fim, já eram horas de jantar, foram a um "retiro" numa azinhaga perto da estrada das Linhas de Torres. Debaixo da parreira alguém dedilhava um fado na guitarra.»
O milagre segundo Salomé


Retiro do Ferro de Engomar, em Benfica
(presentemente freguesia de S. Domingos de Benfica, perto de onde morei.
Existe lá hoje o restaurante com o mesmo nome e ainda resta uma tasca)

Fado - Património Imaterial da Humanidade

O fado foi a primeira “obra” portuguesa a entrar na lista do Património Imaterial da Humanidade.

A UNESCO adoptou, em 1989, a Recomendação para a Salvaguarda da Cultura Tradicional e do Folclore, dividida em tesouros humanos vivos, línguas em perigo no mundo e música tradicional.
Mas o caminho foi longo...

Em 1999, foi criada a "Proclamação das Obras-primas do Património Oral e Imaterial da Humanidade", para distinguir os exemplos mais notáveis de espaços culturais ou formas de expressão popular e tradicional.

Em 2003, foi aprovada a Convenção para Salvaguarda do Património Cultural Imaterial. A Convenção definiu que “o património cultural imaterial não se resume apenas aos monumentos e colecções de objectos, mas abrange também as tradições, expressões de vida, conhecimentos e aptidões que constituem a cultura e a identidade de cada país.”
Em 2006, a Convenção entrou em vigor.

Até hoje, Portugal não possuía nenhum bem na lista de património imaterial. O Fado foi o primeiro.


Proponho que se comece a preparar a candidatura da gastronomia tradicional: Rojões (Minho), Tripas (Porto), Açorda e/ou Migas (Alentejo), Alcatra (Açores), Xerém (Algarve), Chanfana (Beira), Alheira, Posta Mirandesa e/ou cabrito (Trás-os-Montes), Cozido à Portuguesa (de todo o país, até ao das Furnas - Açores) podem integrar a lista que terá de ser extensa. Ainda há muito lugar para as sopas e para os doces, a começar pelos conventuais.
Digam lá se estes pratos não são um tesouro humano vivo!

Isto é que era uma grande festa!!!

sábado, 26 de novembro de 2011

Estatuto do Aluno dos Ensinos Básico e Secundário (Açores)

A Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores aprovou o Estatuto do Aluno dos Ensinos Básico e Secundário.
É polémico.
À primeira, instintivamente e sentindo na pele o estado em que o ensino está (falo de situações de indisciplina/má educação dos alunos, recorrentes nas salas de aula e na forma como muitos encarregados de educação não actuam), é natural que sejamos tentados a dizer logo "bem feito".

Para quem tiver curiosidade:
Decreto Legislativo Regional n.º 32/2011/A.D.R. n.º226, Série I de 2011-11-24

Livros com dedicatória

Usei hoje o cheque-oferta na aquisição de dois livros.
Segui o "palpite" que me foi dado.

 











Vou dedicar-me à leitura.
(mas descansem que não me esqueço do passarinho, eh, eh, eh)

Viva a concorrência (mas com homenagem ao meu telemóvel)

Duas empresas concorrentes da area das comunicações utilizaram duas velhas canções para campanhas publicitárias.

Recupero as duas canções: Dream a little dream of me por “Mama” Cass Eliot (soberba! Uma pena e uma perda a sua morte tão prematura) e All together now, divertida canção do filme The yellow submarine, pelos Beatles (os originais).



Das campanhas publicitárias não quero saber!
Continuo a apostar no meu velhinho Nokia (uops! Lá fiz publicidade).



sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Horizons

Hoje lembrei-me desta...
Já em tempos disse (muita gente disse...) que parece cópia da suite n.º 1 para violoncelo, de J. S. Bach.
Mas é bom ouvir - Horizons.

Aqui Steve Hackett, já sem Genesis (1990).
O original é do álbum Foxtrot (1972)



quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Copo de Sol

Enquanto se aguarda o resultado da candidatura do fado ao título de património imaterial da UNESCO, porque o dia foi de um Sol magnífico e só não foi para a rua quem não pôde, vamos ouvindo bebendo um copo de sol e vendo o mar.












Greve sanzonal?


"Se correr mal" radicaliza-se?
"Se correr bem"... fazemos o quê?

Cumprimos o nosso doloroso dever

Com a greve de hoje, os professores (e outros trabalhadores do Estado) ajudaram a combater o défice.
Continuo a insistir que devemos ajudar aqueles que mais precisam, sobretudo os pobres dos mercados financeiros.

Rómulo de Carvalho / António Gedeão

Hoje faziam anos Rómulo de Carvalho e António Gedeão.
Os dois entraram em diálogo e é difícil individualizá-los...
Professor, pedagogo, divulgador de ciência e poeta...
A ciência na poesia, a poesia na ciência e na vida.

A propósito desta dicotomia Rómulo de Carvalho/António Gedeão caberá citar a Arte de Ser Português, de Teixeira de Pascoaes:
«Devemos considerar divina a missão dos poetas, quando não mintam ao seu destino sublime.
Se a Ciência é a realidade das coisas fora de nós, a Poesia é a sua realidade dentro em nós. A Ciência vê; a Poesia visiona, transcendentaliza o objecto contemplado; eleva o real ao ideal; é criadora, e as suas criações ficam a viver, a pertencer à Natureza que, nelas, se excede e acrescenta às suas formas objectivas do domínio Científico a beleza espiritual.»

Em http://www.romulodecarvalho.net/ encontramos um óptimo site sobre António Gedeão (ou será sobre Rómulo de Carvalho?).

Homem

Inútil definir este animal aflito.
Nem palavras,
nem cinzéis,
nem acordes,
nem pincéis
são gargantas deste grito.
Universo em expansão.
Pincelada de zarcão
desde mais infinito a menos infinito.

(1.º poema da sua primeira obra poética, Movimento Perpétuo - 1956)

Manuscrito de Pedra Filosofal,
aquele que será o seu poema mais conhecido


segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Fausto - Em busca das montanhas azuis

Depois de Por este rio acima (1982) e Crónicas de uma terra ardente (1994), Em busca das montanhas azuis, disco que encerra a trilogia em que Fausto narra viagens e aventuras dos descobrimentos e desbravamentos do império português.

A 19 de Junho de 2010 foi feita uma apresentação parcial do novo disco, num concerto no CCB. O próprio acendeu umas luzes sobre as músicas do disco que hoje foi lançado:


Grande, grande foi a viagem!


Entrar cedo tem destas vantagens

Enquanto o barco não vem, uma pessoa entretém-se...




Amanhecer de hoje

Ontem, eu reparava no sorriso de uma manada de patos

Fui à procura de uma exposição de natureza-morta.
À saída da exposição, nos jardins da Gulbenkian, um miúdo pequeno chamava a atenção do pai: “Ó pai… uma manada de patos!”.

Comité de Boas Vindas
Estava um Domingo de patos. E parece que são às “manadas”… Devem sentir-se felizes (como as vaquinhas nos Açores!).
São uma natureza-viva.









domingo, 20 de novembro de 2011

Cores de Outono

Parede (R. Marquês de Pombal)

Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian

Candeeiro na Baixa de Lisboa

A respiração de Novembro verde e fria
Incha os cedros azuis e as trepadeiras
E o vento inquieta com longínquos desastres
A folhagem cerrada das roseiras
Sophia de Mello Breyner, Dual


José Rodrigues Miguéis e Lisboa (1)

De José Rodrigues Miguéis diz Luísa Ducla Soares: “é porventura o escritor mais enraizadamente Lisboeta.”

Lisboa, simultaneamente cenário e personagem, é o centro de muitas das suas obras, mesmo sendo escritas no prolongado exílio americano.

“É Lisboa uma realidade em si, e será preciso tê-la conhecido e vivido nela para bem a compreender e amar.”
(JRM, A escola do paraíso)

Mesmo que Lisboa tenha diferentes faces...

“Lisboa é a liberdade, a fantasia, o lirismo, o progresso, a vida e unidade da Nação.”
(JRM, Lisboa triste e alegre)

“Lisboa é feminina, ociosa, parasitária, vive da política e do boato.”
(JRM, O milagre segundo Salomé)

Com a entrada do século XX, a 9 de Dezembro de 1901, nasceu José Claudino Rodrigues Miguéis, na mansarda do n.º 12 da Rua da Saudade, perto da Sé, de onde se avista o Tejo.

“Na grande cama de ferro do casal, no quarto ao fundo, branca como os lençóis, a dona Adélia repousa com o filho ao lado, já lavado e enfaixado. Reabre a custo os olhos imensos, como se as pestanas lhe pesassem, e procura a parteira. A sua voz é um sopro:
- É menino ou menina, comadrinha?
- É rapaz, é rapaz! E perfeitinho, um latagão!”
(JRM, A escola do Paraíso)

Nem uma simples placa assinala esse nascimento no prédio que ainda há pouco teve direito a obras de conservação, voltando a ganhar o tom rosado que JRM refere em O milagre segundo Salomé...

“Não se pode ter nascido ali, viver a ver chegar e partir navios todos os dias, com um rasto de lágrimas e o esvoaçar de adeuses no azul, nem ouvir noite e dia estas vozes, sem ficar impregnado de irremediável nostalgia.”
(JRM, A escola do paraíso)

“Os paquetes atracam logo em baixo, no cais, e a rua deve talvez o nome à saudade que para sempre ficou flutuando no sítio: a saudade dos que ficam, e a dos que partem e querem prender-se à terra, de braços, olhos e almas alongadas.”
(JRM, A escola do paraíso)


N.º 12, Rua da Saudade

“Subiu (...) à Rua da Saudade, onde raro vinha agora: o prédio em cuja água-furtada nascera dormia um sono pombalino e rosado sob o peso das recordações: teve uma golfada de nostalgia, que a morte do pai avolumou. Seria possível que o germe da felicidade que nele fermentava datasse dos primeiros cinco anos de vida que ali passara?”
(JRM, O milagre segundo Salomé)

Rio Tejo visto das instalações do Teatro Romano
(perto do prédio onde nasceu José Rodrigues Miguéis)

Por Lisboa

Carpe diem!
Aproveitei a tarde do dia de ontem para andar por Lisboa antiga.

E comecei a concretizar o programa que se inicia na próxima mensagem...

Sábado é dia de lavar e pôr a roupa a secar

Lisboa e Tejo vistos da Sr.ª do Monte

Há um círculo no céu sobre o castelo

Confluência das ruas Damasceno Monteiro e da Sr.ª do Monte


Convento do Carmo e Baixa por uma fresta de prédios

Elevador de St.ª Justa

Cimo do elevador de St.ª Justa (sombras lisboetas)


sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Resposta à moda de mestre Gil...


Capa do Público de ontem
(espero que seja água da torneira)


Rio Judeu - Seixal (hoje de manhã)
O bobo de serviço


P.S. - Estás a ver, Almerinda, a razão por que trago a máquina?
Pretensiosismos! (?)
Foi bom encontrar-te hoje, (como sempre que isso acontece), no teu "lugar de luta" - "sempr'em pé".


Fotografia: a propósito de um aniversário

Ponto de vista da janela de Gras
A fotografia mais antiga que se conhece
O Google lembra hoje o aniversário do nascimento de Louis Jacques Mandé Daguerre (18 de Novembro de 1787), autor da primeira patente para um processo fotográfico.

A invenção da fotografia é o resultado de múltiplos contributos. Daguerre foi um dos contribuintes, mas não se pode esquecer Niépce, com quem formou, em 1829, uma sociedade que se poderá considerar de colaboração, a fim de melhorarem o processo de captação e fixação das fotografias.

Niépce terá conseguido imagens sobre papel utilizando a câmara escura, em Abril e Maio de 1816. A ele se deve a mais antiga fotografia conhecida: Ponto de vista da janela de Gras (1826).
Daguerre fez evoluir o processo e os materiais usados para reduzir o tempo necessário à captação de uma imagem e para fixar essas imagens – fazê-las perdurar no tempo – pois os suportes experimentados até então eram demasiado sensíveis à luz.

Feira de Velharias de Belém (Setembro de 2011)

Para uma ideia do tempo de disparo do obliterador da máquina (normalmente 1/125 segundos numa máquina dos nossos dias), acrescentamos que a fotografia conhecida de 1826 foi produzida com uma câmera que necessitou de cerca de oito horas de exposição à luz solar. De tal forma que a fotografia consegue captar sombras de lados opostos (conforme o Sol “rodou” no horizonte).

Aqui por casa também se gosta de fotografia (e vão-se procurando fazer umas "avarias") :)

Castro Laboreiro (1998)
 
CCB - Lisboa (2011)