"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Não é pelo tamanho...

Esta manhã...
Preferia chegar no grande do que ter de partir no pequeno...


Não é pelo tamanho, é por uma questão de... princípio (ou de fim).

Gostava de ver Lisboa pelos olhos de um viajante que olhasse a cidade pela primeira vez.
Experimentar a sensação de ser estrangeiro numa terra que conheço.


A love supreme - 1.º Dia Mundial do Jazz

O 1.º Dia Mundial do Jazz.

Um território musical onde não me aventuro muito.
Mas John Coltrane é seguro!


A love supreme

Acho que é uma boa forma de comemorar.

Roubam-me... Aqui del-rei!


Epígrafe para a arte de furtar

Roubam-me Deus
Outros o Diabo
Quem cantarei?

Roubam-me a Pátria
E a humanidade
Outros m'a roubam
Quem cantarei?

Sempre há quem roube
Quem eu deseje
E de mim mesmo
Todos me roubam
Quem cantarei?

Roubam-me a voz
Quando me calo
Ou o silêncio
Mesmo se falo
- Aqui del-rei!
Jorge de Sena

José Afonso, Traz outro amigo também

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Em tempos de seca extrema ou severa...

... O melhor que temos a fazer é ir regando os cravos.

No arranque das operações militares do 25 de Abril de 1974, após a rádio ter passado as músicas que serviram de senha para o golpe, um militar terá dito: "Agora seja o que Deus quiser."

Se é verdade que Deus esteve com o 25 de Abril, nos últimos tempos só penso que Deus tem andado em contra-ciclo!

terça-feira, 24 de abril de 2012

25 de Abril mais pobre

Miguel Portas (1958 - 2012)
 "Quero poder olhar para trás e dizer: terei feito algumas asneiras,
mas no conjunto posso partir, lá para onde for, com tranquilidade".

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Dia Mundial do Livro

«[os livros] Ligam-se a nós num pacto de necessidade e de esquecimento, como se fossem testemunhas de um momento das nossas vidas ao qual não regressaremos.»
Carlos María Dominguez, A Casa de Papel


Na entrevista a Cláudio Torres



Eu recordo, hoje, a entrevista que vocês fizeram a Cláudio Torres, em Mértola (Junho de 1996, dia de muito calor), e que foi publicada na Gazeta Paulo da Gama.
E recordo isso pela relação com o artigo linkado na mensagem anterior e, em particular, porque a Susana P. esteve lá e por ser o dia que é para ela.
Um abraço.


Cláudio Torres e Mértola

O Público de Sábado passado, suplemento Fugas, recorda o trabalho de Cláudio Torres em Mértola, desde 1978.

Público - Cláudio Torres e Mértola


domingo, 22 de abril de 2012

A memória fez-me recuar uns anos ao ouvir isto.


Islands, belíssima canção (1971).
King Crimson, os mais progressivos do progressivo.

Dia da Terra

«Tudo o que existe em nós existe também na natureza.»
Picasso

E o contrário também é verdadeiro
digo eu


O senhor deus é espectador desse homem
Encheu-lhe o regaço de dias e soprou-lhe
nos olhos o tempo suave das árvores
Deu-lhe e tirou-lhe uma por uma
cada uma das quatro estações
A primavera veio e ele árvore singular
à beira do tempo plantada
vestiu-se de palavras
E foi a folha verde que deus passou
pela terra desolada e ressequida
Quando as palavras o deixaram de cobrir
ficaram-lhe dois dos olhos por onde
o senhor olha finitamente a sua obra
Até que as chuvas lhe molharam os olhos
e deles saíram rios que foram desaguar
ao grande mar do princípio

Ruy Belo, A multiplicação do cedro - Aquele grande rio Eufrates

Inventem novas mentiras

Público, 21 de Abril de 2012

sábado, 21 de abril de 2012

Uma rosa para Sandy Denny





















Memórias

Hoje, desliguei a luz da casa...
Encerra-se um período de 46 anos, com tudo o que faz parte da vida de uma família. Vivi lá cerca de 20.
Na porta do quarto ainda estava o elefante, símbolo da República da Cheribecolândia. Veio comigo, como bandeira arriada do mastro. Fim do domínio.
Fica a História.


quinta-feira, 19 de abril de 2012

Está a gozar connosco!

O título da notícia até é bom! Parece ser uma auto-crítica lógica em relação à política do Governo, mas... não é!!   «O ministro português afirmou que as medidas de austeridade não afectam os grupos mais vulneráveis da população. “No meu país, as pessoas estão completamente dispostas a sacrificar-se e a trabalhar mais para que o programa de ajustamento seja um sucesso desde que esse esforço seja repartido de forma justa”, disse. “Temos tido o cuidado de proteger os menos favorecidos e os mais vulneráveis ao definir os cortes na Segurança Social e no sistema de saúde quando aumentámos os impostos. Esse é um elemento-chave do sucesso do programa.”» Público
O ministro faz uma ínterpretação "muito livre" da disposição das pessoas do seu país.
Eu não estou com essa disposição. Sinto-me gozado por uma corja de nababos! E pelo Ministro!
"Esforço repartido de forma justa"? Está a falar de quê? Somos todos accionistas do BPN?

Feijão frade com poejos

Uma agradável surpresa, boa para vegetarianos (sobretudo... se forem alentejanos).

Ponha um litro de feijão-frade de molho e depois coza-o em água com sal. Faça um refogado, num decilitro de azeite, com uma cebola picada, 6 dentes de alho picados e um bom molho de poejos.
Deite o feijão-frade depois de cozido, acrescente um copo de água da cozedura do feijão e deixe apurar um pouco.
Tempere de sal e sirva em cima de fatias finas de pão. Alentejano, claro!

Fonte: Alfredo Saramago e Manuel Fialho, Cozinha alentejana

A fumegar... A Maria Cozinheira que se cuide!

Convento de Santa Clara em Vila do Conde

Ontem foi Dia Internacional dos Monumentos e Sítios. Hoje ouvi contar que as comemorações em Vila do Conde incluíram a observação, por telescópio, do estado de degradação que o Mosteiro de Santa Clara apresenta e que coloca em perigo a sua preservação.
Casa de Detenção e Correcção do Porto, Reformatório e Escola Profissional (Centro Educativo) foram as ocupações deste edifício no século XX. Agora está abandonado.
Classificado como Monumento Nacional, a sua última recuperação data de 1930, segundo informação da Câmara.
Qual será o seu destino?

Em grande parte edificado já no século XVIII, depois de ter sido fundado
por iniciativa de D. Aonso Sanches, filho bastardo de D. Dinis.
É o edifício mais emblemático de Vila do Conde.

José Afonso reeditado na Orfeu

A Orfeu iniciou a reedição das obras de José Afonso gravadas para a editora, contemplando o restauro sonoro e a remasterização digital a partir dos masters originais. No passado dia 9, foram postos à venda os dois primeiros CD's: "Cantares do andarilho" (1968) e "Contos velhos, rumos novos" (1969).
Em Maio sairão "Traz outro amigo também" (1970), o enorme "Cantigas do Maio" (1971) e "Eu vou ser como a toupeira" (1972).
Outubro será o mês de "Venham mais cinco" (1973), "Coro dos tribunais" (1974) e "Com as minhas tamanquinhas" (1976).
Para o próximo ano, entre Março e Abril, serão editados os últimos três: "Enquanto há força" (1978), "Fura fura" (1979) e "Fados de Coimbra" (1981).
Um ano, 11 discos. Uma festa!

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Antero


«quando a glória passada já não pode encobrir o ruinoso do edifício presente, e se afunde a Península sob o peso dos muitos erros acumulados, então aparece franca e patente por todos os lados a nossa improcrastinável decadência. Aparece em tudo; na política, na influência, nos trabalhos da inteligência, na economia social e na indústria, e como consequência de tudo isto, nos costumes.»
Antero de Quental,
Causas da decadência dos povos peninsulares nos últimos três séculos
(discurso pronunciado a 27 de Maio de 1871, na Sala do Casino Lisbonense)


O banco do suicídio de Antero,
sob a âncora da Esperança

Antero, o filósofo, revolucionário republicano e socialista, visionário, escritor (poeta, ensaísta...), que privou, entre outros, com Eça de Queirós, Guerra Junqueiro, Oliveira Martins, José Fontana e Ramalho Ortigão, que viveu entre Ponta Delgada, Lisboa e Vila do Conde, que se formou em direito na Universidade de Coimbra, que se matou com dois tiros, a 11 de Setembro de 1891, num banco de jardim junto ao Convento da Esperança, na mesma cidade em que nascera - Ponta Delgada - a 18 de Abril de 1842, razão porque o Google o lembrou hoje.

Dia Internacional dos Monumentos e Sítios

Comemora-se hoje, sob o lema Do Património Mundial ao Património Local: proteger e gerir a mudança.
Este ano coincide com o 40.º aniversário da Convenção para a Protecção do Património Mundial, Cultural e Natural da UNESCO, no âmbito da qual se estabeleceu a Lista do Património Mundial.

Moinho de Maré de Corroios, núcleo do Ecomuseu Municipal do Seixal

Só é pena que as habituais acções de sensibilização para o público decorram, salvo raras excepções, unicamente hoje e não se estendam ao fim-de-semana.
Quem trabalha dificilmente participa.

O direito das galinhas à felicidade

Em tempos já idos, era normal ouvir-se falar em "cama, mesa e roupa lavada". Agora, o lema é: "um ninho, poleiros e espaço para esgravatar".
Estas são as condições exigidas pela Comunidade Europeia para as galinhas poedeiras. E a superfície da gaiola deverá ter, obrigatoriamente, um mínimo de 750 cm2.
Por este motivo, calcula-se que os produtores de ovos em Portugal vão ter de abater cerca de 3 milhões de galinhas em Julho, data limite para cumprir a directiva comunitária, já aprovada há 12 anos.
As galinhas ou vivem em gaiolas melhoradas ou... são abatidas. Apertadas ou sem-abrigo é que não podem viver.

Sobre as condições em que vivem muitas pessoas nada se diz. Diminuírem os direitos sociais não faz diferença. Já das galinhas se exige que tenham condições para esgravatar, "espaço para satisfazer as suas necessidades".
Se calhar, se os pobres pusessem ovos, outro galo cantaria...

O que não deixa de ser curioso é que Portugal, na hipótese de abate do número indicado de galinhas, deixará de ser exportador e irá ter necessidade de importar ovos. E irá importá-los de países que não cumprem as normas que a UE exige.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Tão novinhos e já nos copos!

Museu do Vinho - Biscoitos (Terceira), 1997
À tua saúde, Tânia.
Com um abraço grande.

P.S. - Parece que já não estavas a ver muito direito!

Bons alunos, maus alunos... e "rafeirices"


Reaproveito a notícia do DN do final da semana passada.
O conceito de bons e maus alunos é relativo.
Imagino, na reunião do Conselho de Ministros, Nuno Crato a anunciar a sua ideia de se poderem criar "turmas de bons alunos" e "turmas de maus alunos".
Imagino logo Passos Coelho, Miguel Relvas e Paulo Portas a exultarem de alegria: "Isso! Portugal não é a Grécia!". Vítor Gaspar exultaria mais devagar.

Na aprovação de um duvidoso Tratado Orçamental da União Europeia, Portugal apressou-se a ser o primeiro país, querendo demonstrar que é um bom aluno, expressão vulgarizada no discurso político.
Este comportamento faz-me lembrar determinado tipo de alunos que só se preocupam em agradar ao professor, independentemente das aprendizagens que façam ou do que quer que seja. A esses, no meu tempo de estudante, chamávamos outros nomes menos carinhosos, que passavam por "graxista" e "lambe-botas".

Já há dias, numa das muitas entrevistas em que se desdobra, o Primeiro-Ministro afirmou que não parecia bem aos olhos dos outros países, na situação em que estamos, decidir o pagamento dos subsídios de férias e de Natal para 2014.
Governam-se pelo que parece ou que acreditam que parece.
Esta preocupação em parecer contrasta com a falta de ser, com a falta de querer e com a falta de afirmação de uma identidade e de ideias próprias.  
Não são estas atitudes que definem o exemplo de bom aluno. Atitudes para parecer bem aproximam-se mais das de um rafeiro amedrontado e servil.
O verdadeiro rafeiro merece respeito.

 

segunda-feira, 16 de abril de 2012

À Rosa

Mais real que Caeiro...

Junto à pousada - Negrito, Terceira (1997)

Votos de um feliz aniversário.

Me, myself and I

Considerando que ontem o dia foi sob o signo de Pessoa, teria sido mais acertado colocar esta música.


 
Alberto Caeiro comemoraria hoje o seu aniversário.


Hoje fui apanhar papoilas

 




domingo, 15 de abril de 2012

Ella Fitzgerald - Cry me a river

Votos de uma boa semana

(e de boa música)



 

Fernando Pessoa no facebook

Transcrevo a crónica de Manuel Halpern publicada no JL de 29 de Junho de 2011.
Acho o texto de uma imaginação delirante. Tinha-o guardado e a pluralidade de Fernando Pessoa recordou-mo.

O mural de Pessoa

Se no tempo de Fernando Pessoa houvesse Facebook, então é que a arca nunca mais acabava. E os pessoanos estudariam cada like, com afinco, procurando as motivações literárias e as personalidades escondidas naquele gesto espontâneo. E as partilhas. Talvez aquela Oração que circula por aí, da Banda Mais Bonita da Cidade, lhe despertasse os sentidos, ou pelo menos a um dos heterónimos. Ai, se a equipa do Mark Zuckerberg descobrisse os heterónimos iria logo classificá-los como perfis falsos, e lá se ia o mural do Álvaro de Campos. Talvez não dessem por nada. E só anos mais tarde os pessoanos mais aplicados encontrariam um perfil falso sem amigo nenhum, mas pessoanamente genial.
Sim, o Álvaro de Campos seria o mais torrencial. Partilhas em catadupa, remissões para o blogue, momentos de grande euforia e habilidade informática. O Ricardo Reis publicaria, rigorosamente, um post por dia, e só aceitaria amizade de pessoas com quem privasse. O Alberto Caeiro não seria informaticamente dotado, mas até acharia graça à coisa. O Bernardo Soares gostaria mais do Twitter. Nenhum deles teria cinco mil amigos, nem mesmo o Fernando Pessoa ortónimo, sobretudo por uma questão de timidez, apesar de passar demasiado tempo no chat com Ofélia. Todos os posts de amor são ridículos.
Imagine-se o manancial de informação arquivado. As publicações do mural. O Almada Negreiros seria um dos mais fervorosos frequentadores, com considerações e discussões acesas. Até ao dia, claro está, em que via a conta bloqueada, por denúncia de Júlio Dantas, que considerou aquela história do “Pim!” indecorosa e imoral o seu mural.
Quando inventaram a revista Orpheu criariam um evento, a que poucos amigos ligaram. Mas eles insistiram muito. Até criaram um site onde publicavam apenas parte dos conteúdos... Quem quisesse ler o resto que comprasse a revista. Contudo, o volume três teria apenas sairia em edição digital, com grafismo do Almada e ciberarte do Amadeo.
Todos choraram muito a morte de Mário de Sá-Carneiro. De Paris, ele já tinha colocado uns posts que sugeriam a depressão, mas ninguém poderia esperar aquilo. O Mural encheu-se de comoventes mensagens de despedida. Alguns até lhe dedicariam poemas.
Quando Fernando Pessoa morreu, misteriosamente, Ricardo Reis continuou ativo, a publicar os seus posts diários. Quem descobriu isso foi esse tal de Saramago, que o matou anos mais tarde.


Manuel Halpern, Jornal de Letras, 29 de Junho de 2011

A arca de Fernando Pessoa
Imagino o que seria a discussão de família lá dentro

Carlos e Fernando, poetas sentados nas suas cidades

Há uns dias atrás, a minha amiga Conceição B. lembrava-me Carlos Drummond de Andrade, "um poeta de alma e ofício", que vive sentado num banco da Avenida Atlântica, no Rio de Janeiro, onde está gravado o verso maior de Mas viveremos: "NO MAR ESTAVA ESCRITO UMA CIDADE".
Hoje, tive tudo para me lembrar de Fernando Pessoa sentado no Chiado, a dois passos do largo onde nasceu.
E com Álvaro de Campos podemos revisitar Lisboa:
«Outra vez te revejo,
Cidade da minha infância pavorosamente perdida...
Cidade triste e alegre, outra vez sonho aqui...»

Ao lado de um e de outro se sentam as pessoas que querem ser fotografadas com os poetas.

Pessoas - Fernando Plural como o Universo


Fernando Pessoa, Plural como o Universo é uma exposição que resulta da colaboração entre a Fundação Roberto Marinha e o Museu da Língua Portuguesa de S. Paulo e que tem o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian. Os brasileiros o adoram.
A exposição está na Gulbenkian até ao fim do mês.


A julgar pelo número de pessoas que hoje a visitavam, concretizar-se-à a virtude desejada por Bernardo Soares: "ser mais vivo depois de morto".



Fernando Pessoa, "ponto de reunião de uma pequena humanidade só minha" (disse o próprio).


A orquestra do Titanic

A orquestra do Titanic (falta a foto de um elemento). Ao centro, Wallace Hartley
Foi já ao início do dia 15 de Abril de 1912 que o Titanic se afundou. Ao que consta, procurando amenizar o pânico que se adivinhava, o capitão terá solicitado à orquestra de bordo que fosse tocar no convés dos botes. Teria tocado Nearer My God to Thee, um hino Adventista, embora haja quem fale de outra música - Autumn.
A História diz que a orquestra, com 8 elementos, tocou até ao último momento, liderada pelo violinista Wallace Hartley.

O filme de James Cameron adoptou a primeira daquelas músicas, de Lowell Mason, para o hino escrito por Sarah Flower Adams, em 1841, inspirada na visão de Jacob - uma escada que alcançava o céu e por onde os anjos subiam e desciam (Génesis).





Naquela noite foram muitos os anjos, a começar pelos músicos que procuraram até ao fim acalmar os passageiros.
A família de Wallace Hartley, cujo violino foi recentemente encontrado, mantém um site sobre o músico.


sábado, 14 de abril de 2012

Robert Doisneau

O Google tem destas coisas boas. Hoje informa-nos, logo de entrada, que se assinalam os 100 anos do nascimento de Robert Doisneau, famoso fotógrafo francês, pioneiro do fotojornalismo. Há uns anos, a Esmeralda ofereceu-me uma “agenda Doisneau”, com um conjunto de fotografias de miúdos em salas de aula. As fotografias são encantadoras, com situações engraçadíssimas e de uma doçura enorme. 
Deixo as fotografias da escola para um dia destes.
Fica Paris, na margem do Sena, em dois momentos e situações diferentes.


O arame farpado lembrando a ocupação alemã (1942)
Recordo ainda o ícone que é a fotografia O beijo do Hotel de Ville, um dos beijos mais publicitados de sempre, até porque vi que ontem era Dia do Beijo.
Seria? Dizem que a 6 de Julho se celebra o International Kissing Day.
Deve haver o dia do beijo nacional e o do internacional.




Afinal, um beijo é quando duas pessoas querem!

sexta-feira, 13 de abril de 2012

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Contos da loucura normal no M.E.C.

Pego numa notícia da semana passada.

Ministro da Educação diz que professores vão fazer prova de avaliação - Educação - PUBLICO.PT

Hipóteses de resposta/comentário:
1 - O Público enganou-se na data: a notícia é do dia 1 de Abril. Só pode ser mentira!

2 - Governar cansa! É difícil. Provoca desgaste. O ministro da Educação é disso exemplo.
Temos de compreender e dar um certo desconto.
Mas exigir, para nossa salvaguarda, que os ministros façam exames regulares... para atestarem a sua robustez física e psíquica.

3 - Não nos preocupemos e deixemos passar a espuma dos dias.
O Gaspar vai dizer que não há dinheiro para isso!

É com cada ideia peregrina!...

Manifesto anti-Relvas

O Manifesto anti-Dantas que me recordaram nesta Páscoa associou-se, na minha cabeça, à situação actual do país e ao actual Governo. Podemos substituir, por exemplo, Dantas por Relvas. O número de sílabas e a acentuação mantêm-se, pelo que o ritmo não se perde...
Ficaria:

«Basta pum basta!
Uma geração que consente deixar-se representar por um Relvas é uma geração que nunca o foi. É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!
Abaixo a geração!
Morra o Relvas, morra! PIM!
Uma geração com um Relvas a cavalo é um burro impotente!
Uma geração com um Relvas à proa é uma canoa em seco!
(...)»

E por aí fora.
Almada Negreiros não se ofenderia.

Mensagens pascais

Rembrandt - A Ressurreição
Desta Páscoa retenho duas mensagens.Uma de carácter laico, retintamente laico, amêndoa de "recheio literário" como anunciou o Sérgio: o Manifesto anti-Dantas, de Almada Negreiros, dito pelo Mário Viegas.
Outra, de cariz (quasi) litúrgico, do meu amigo António Henriques, procurando o sentido primeiro que a comemoração deve ter e a sua relação com a Vida (a nossa): «(...) que esta passagem da morte para a Vida seja para todos um convite à renovação pessoal, buscando dentro de nós as imensas forças que temos para viver uma vida melhor...»


O António é um Homem de Fé - verdadeiro o Homem e verdadeira a Fé.
Perdida na delirante selva de mensagens e comentários do fb, conseguiu reunir a adesão de 11 likes e 12 comentários-respostas e a minha adesão, aqui neste pasto de vaquinhas sorridentes.
A mensagem é uma ilha de fé que permanece dignamente no meio de um oceano de fugazes superficialidades.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Páscoa de Lua Cheia








Cabo Espichel da minha janela

Cantinhos da Parede (2)

Pastelaria Ribeiro
Decoração da época de Páscoa

Paixão (segundo São Mateus e São J. S. Bach)


Não há Páscoa sem Paixão
Nem Paixão sem J. S. Bach

«O céu não será o céu se lá não se tocar João Sebastião»
Eduardo Lourenço, Tempo da música, música do tempo

Ecce Homo

Ecce Homo
pintura a óleo da 2.ª metade do século XVI
de autor desconhecido
(Museu Nacional de Artre Antiga)
«Eis aqui o homem»
Foi assim que Pilatos apresentou Jesus Cristo antes da sua condenação à morte.

Humanidade exposta
À varanda do mundo,
A mostrar,
Consumadas,
As horas cruciantes da paixão.
As chagas a sangrar
E as mãos atadas…
Violência e prisão.

Semivelado, o rosto
Não tem olhos.
Ou cobre-os o pudor
Da lucidez…
Alheio ao sol fortuito do poder
E à vencida aparência que lhe dê,
O penitente deixa-se apenas ver.
O que ele vê, não se vê…
                             Miguel Torga

quinta-feira, 5 de abril de 2012

A palavra

Heraclito de Epheso diz:
«O pior de todos os males seria
A morte da palavra»

Diz o provérbio do Malinké:

«Um homem pode enganar-se em sua parte de alimento
Mas não pode
Enganar-se na sua parte de palavra»

Sophia de Mello Breyner, O nome das Coisas

A república dos negócios

"Trata-se de um lapso" uma porra!


Trata-se de um embuste, aldrabice, burla, intrujice, mentira, patranha, trapaça, velhacaria... 
Já estava a fazer falta uma nova trapalhada da cambada que nos (des)governa. Muito mal ensaiada!!! Nem todos foram informados do papel a desempenhar, dos tempos de entrada, das deixas...
Aldrabões!!!

 

Aplicações imprevistas de um iPad

Enviaram-me este vídeo. Acho que é uma delícia!


Quase dispensa palavras... A língua é "aquela coisa", mas o diálogo é simples: a filha pergunta ao pai se gostou da prenda que lhe tinha oferecido. Face à resposta afirmativa, quer saber se ele não teve problemas com as aplicações... “Nenhuns!”.
Pois!

Iscas "com elas"

As iscas são uma herança das antigas tabernas, sobretudo das casas de pasto de galegos, desempregados pela criação da Companhia das Águas, os novos transportes e o telefone. Havia muitas “casas de iscas” em Lisboa, no princípio do século XX, de Alfama a Belém. 
Uma casa no Largo do Carmo tinha o letreiro “Iscas Permanentes”. Uma outra famosa ficava no Salitre (junto ao Teatro Variedades), onde trabalhava o conhecido Marreco das Iscas, um criado corcunda. Aqui, um pratinho de iscas, ¼ de pão e 2 dl. de vinho custavam 70 réis.
As iscas eram habilmente cortadas “em folhas de espessura transparente” a partir de um “sanguinolento” fígado de vaca.


Num alguidar depois coberto com uma tampa de madeira, aboboravam largo tempo (pelo menos duas horas, mas com mais tempo melhor) numa salmoura de vinagre, alho, louro, baço raspado, sal e pimenta, entre outros temperos. De vez em quando eram mexidas com um comprido garfo de ferro que também servia para pôr as iscas a fritar numa frigideira onde fervia banha de porco.
As raspas de baço também podiam ser acrescentadas quando da fritura.

Nessas casas, «A frigideira só lá de tempos a tempos se lavava, acumulando os resíduos das iscas de muitos meses, que vinham dar o seu particular sabor às iscas que começavam a ferver e eram, depois de passadas no riquíssimo e apetitoso molho, estiradas com o citado garfo no pratinho (...). As batatas [“elas”] estavam cortadas à parte, no tacho onde haviam sido cozidas, e eram espalhadas à mão sobre o pratinho.»
Saramago, Cozinha de Lisboa e seu termo


"Olleboma", fundador da Sociedade Portuguesa de Gastronomia (1933), chama a atenção para que as iscas sejam bem espalhadas, não havendo sobreposição. Também acrescenta que tem de haver cuidado para que sejam retiradas do lume mal estejam fritas de um lado e de outro: «Se se deixar ferver pouco que seja, ficam duras, dando a impressão de borracha. Devem preparar-se à última hora, servindo-se bem quentes.»
António Maria de Oliveira Bello ("Olleboma"), Culinária Portuguesa

Agora vou penitenciar-me por andar a falar de iscas na quadra pascal.