"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

terça-feira, 31 de julho de 2012

Mais festivais de música e os Deolinda

Ainda na onda dos festivais, será bom lembrar a participação dos Deolinda no WOMAD, anteontem, em Malmesbury, depois de já terem estado na edição espanhola do mesmo festival, no mês de Maio, em Cáceres.
Peter Gabriel (outra vez ele), ajudou a fundar este festival, em 1980. WOMAD (World of Music, Arts and Dance) é um festival internacional para celebrar as múltiplas formas de arte.

Os Deolinda deslocam-se ainda à Escócia (outro festival) e, depois, aos Estados Unidos, para vários concertos.
Apetece dizer: "Anda daí!"



P.S. - O realizador deste vídeo é Gonçalo Tocha, o mesmo que fez o documentário sobre a ilha do Corvo. Jeito!


segunda-feira, 30 de julho de 2012

Samis nas músicas do mundo

Mari Boine esteve de novo em Portugal, actuando no Festival de Músicas do Mundo (Sines).
Compositora e cantora sami (o povo da Lapónia), tornou-se mais conhecida depois da publicação de Gula Gula, em 1990, na editora que Peter Gabriel fundou para divulgação da chamada Worl Music - a Real World.

Divulgadora da cultura sami, a sua música, tendo raízes populares, evidencia muitas outras influências.
Mas tendo conhecido Lapónia (mesmo que pouco), foi ao ouvi-la no seu território que as suas canções fizeram todo o sentido.
A base é o Yoik, o canto tradicional sami, repetitivo, na linha dos cantos xamânicos, com a sua componente mística.

Para os curiosos que queiram conhecer uma aproximação ainda maior desse canto tradicional à música electrónica - num casamento perfeito, uma "trip xamânica" - aconselho que procurem na net Nils-Aslak Valkeapää, outro grande defensor da cultura sami, já falecido, com Esa Kotilainen, sobretudo Govadas (do CD Beaivi, Áhcázan) ou Eanan, Eallima Eadni (CD com o mesmo nome).
São composições com cerca de 30 minutos, autênticas viagens, a primeira com a percussão constante do tradicional tambor dos sami.
Estas músicas lembram-me os dias intermináveis, as estrelas sobre as nossas cabeças, os espaços infinitos que se abriam à nossa frente...

Por agora fica a proposta para ouvirem Mari Boine.



domingo, 29 de julho de 2012

Aos professores contratados da EB 2/3 Paulo da Gama

Uma palavra de apreço e de reconhecimento pessoal aos professores contratados - chamo-lhes mesmo professores - que nos últimos anos trabalharam na EB 2/3 Paulo da Gama.
Desempenharam cabalmente as suas múltiplas tarefas, havendo quem se tenha distinguido pelo empenhamento e pelas competências que evidenciou. E as condições nem sempre foram fáceis.

Concorrem agora, com muitas incertezas quanto ao seu futuro na profissão, sacrificado por reformas que só têm objectivos financeiros.
As escolas, que precisam de "sangue novo", de se renovar, ficam a perder. O ensino fica a perder. Todos ficamos a perder.
Mas para quem nos (des)governa, para quem não tem uma visão estratégica para o país, uma ideia sobre o futuro, para quem as pessoas não interessam, isso é um pormenor sem importância.

Gostaria de contar convosco na nossa escola no próximo ano.
Lamento toda a situação por que estão a passar (e por que está a passar o ensino em Portugal).
Desejo-vos as maiores felicidades.

Uma mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma

'Manif' dos professores bate à porta do Ministério - Portugal - DN

Concretamente, o que há de novo?
Princípios gerais, vagos.
Pelo que, concretamente... não há nada de novo!

sábado, 28 de julho de 2012

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Pelo Douro que se pretende Património

Porque hoje tudo me leva para o Douro (deve ser o cheiro a férias)...

Se não é a Natureza é a estúpida mão do homem dito civilizado, que só vê betão à sua frente.
E essa estupidez, que vem do tempo de Sócrates, continua.

Sobre a Barragem do Tua (é dela que falo), no Público de hoje vinha um actualíssimo artigo de opinião: Público - Tua, o último fôlego

Mick Jagger no Dia dos Avós

Fez hoje 69 anos.
Nascido em Dartford (Kent), Inglaterra, o avô Jagger continua (no) activo.
Por coincidência, esta semana comprei o Exile on Main St, de 1972, em CD.
O que só prova que o avô Jagger e os seus companheiros faziam coisas boas.
Parabéns.


Let it loose, de Exiles on Main St

 

De Trás-os-Montes ao Algarve, uma perda ainda maior

A Serra do Caldeirão sofreu um grande incêndio em 2004, o qual consumiu uma parte do montado de sobro da região.
O incêndio da semana passada atingiu o coração da serra - o "Algarve profundo", esquecido - e destruiu a maior parte do que restava desse montado.
Como dizia uma habitante do lugar de Cova da Muda, "O que não ardeu em 2004 ardeu agora. (...) O que a serra produziu em décadas, as chamas destruíram em poucos minutos. Foi o fim. (...) criou-se uma rota da cortiça e agora faz-se a rota do carvão."
Quem acredita na reflorestação com sobreiros?
No Dia dos Avós recordo o ditado "Quem planta um sobreiro planta para os netos".
É que um sobreiro, desde que plantado e até dar cortiça de qualidade para a produção industrial, precisa de cerca de 40 anos.
Num tempo em que tudo se quer imediato e em que a baixa natalidade não deixa antever muitos netos no futuro, o sobreiro não corresponde à "matriz". É personagem non grata.
Mesmo quando a cortiça é um dos nossos bens mais sustentavelmente exportados.



Para os interessados a sugestão:




O Douro, as vinhas e as vindimas - Torga

Vinhas e oliveiras entre Pinhão e Sabrosa (Agosto de 2010)

«(...) colhido o centeio, nos plainos altos do granito pouco ou nada mais há que fazer durante uma temporada, e a palavra "vindima" soa como uma senha de recurso e de libertação. De resto, o grande sonho da terra em todo o ano é entrar numa roga. Descer à Ribeira é uma aventura da Montanha desde que há videiras no mundo. Vai-se à festa pagã da colheita dos cachos com a seiva da mocidade a florir ou com a secura da velhice a reverdecer.
(...)
Novas terras vieram depois, cada vez mais fundas e mais abafadas. Paços, Sabrosa, Vilarinho, Celeirós - patamares de descanso na grande escadaria. A coberto dos bafos gelados do Marão, as cepas e as tanchoeiras vestiam-se de serena pujança. E os cachos maduros e as azeitonas a pintar extremavam dois mundos: o mundo da terra quente e o mundo da terra fria. (...)
Numa curva da estrada, o Doiro apareceu. O rio Pinhão, depois de atravessar as duas pontes, a da estrada de macadame e a do caminho-de-ferro, entrava-lhe no flanco ainda a espumar, e a luz do Sol a pino reverberava, crua, no caudal majestoso. Os olhos secos da Montanha, fundos como as fontes de chafurdo, arregalavam-se de espanto diante da levada de oiro. Para muitos o espectáculo não tinha novidade. Mas os restantes paravam abismados e tontos. Uma sensação de longe, de coisa que arrasta a gente sem a gente querer, tirava-lhes a segurança firme das fragas.
- E para onde vai tanta água? - perguntava o Chico, espantado.»
Miguel Torga, Vindima

O Douro visto de S. Leonardo da Galafura (Agosto de 2009)

Miguel Torga era natural de S. Martinho de Anta, concelho de Sabrosa. O romance Vindima foi publicado em 1945.

Mãe Natureza às vezes é "madrasta"

O vento, a chuva, a trovoada e o granizo, sobretudo este, destruíram, ontem, muitos vinhedos e pomares nos concelhos de Sabrosa e de S. João da Pesqueira, na Região Demarcada do Douro.
Numa zona onde a cultura da vinha é fundamental para a economia local, perdeu-se por completo a sua produção deste ano, quando faltava pouco mais de um mês para as vindimas.

Vinhas na zona de Favaios - Sabrosa (Agosto de 2010)

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Jogos Olímpicos 2012

Os Jogos estão aí.
Os media estão atentos e, ao alcance de um clic, começamos a ter uma massa enorme de informação.
O Público criou uma interessante infografia histórica dos Jogos Olímpicos.

Espero que a comunicação social portuguesa não se ponha a falar das medalhas que se esperam para Portugal e, depois, da frustração das medalhas que se podiam ter ganho e não se ganharam. E a participação desportiva fica reduzida à mera contabilidade medalhística.

Vamos ver se reanimo Historiando com Jogos Olímpicos.

A solidão na hora do desespero


O que se diz...
... em Portugal: "Portugal não é a Grécia!"
... em Espanha: "Espanha não é Portugal!"
... em Itália e França: "Nós não somos a Espanha!"
(Continua no próximo capítulo)

Como cantava José Afonso: "Estamos na Europa Comunitária..."


terça-feira, 24 de julho de 2012

A Sophia respondo com Sophia


Este é um belíssimo texto, manuscrito num caderno.
A memória ancestral ou o tempo antes do tempo.

«A coisa mais antiga de que me lembro é uma tarde de Primavera em que eu talvez ainda não tivesse nascido. Pelo menos não me lembro de estar ali - só me lembro da claridade difusa daquele quarto em que a Primavera entrava. Uma calma infinita poisava sobre as coisas - como se fosse o princípio do mundo e tudo estivesse intocado.»
Sophia de Mello Breyner

Pequeno poemário de Sophia

Proposta da Ana Catarina.


É sempre tempo de Sophia.


Comemorar a vitória liberal

A 24 de Julho de 1833, não a dos novos liberais que nos (des)governam. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades e as ideologias.

Mas dizia eu - queria eu dizer - a 24 de Julho de 1833, as forças liberais provenientes do Sul, atravessaram o Tejo e tomaram Lisboa, de onde os absolutistas fizeram uma retirada estratégica.

No Cais do Sodré, onde desembarcaram, nasce a Av. 24 de Julho. O Duque da Terceira, comandante liberal, controla o movimento do cimo do pedestal.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Problemas de quem tem dinheiro



Uns escondem o dinheiro, outros não sabem o que lhe hão-de fazer...

A quem não tem... o Governo dá uma ajuda e trata do caso.
Não chega a ser problema!


domingo, 22 de julho de 2012

Santana Castilho: Uma classe zombie e um ministro bárbaro

Público - Uma classe zombie e um ministro bárbaro

Partida dos veleiros

E lá partiram Tejo fora...

A Sagres à frente

Many people - passagem de Juan Sebastian de Elcano em Belém

A estratégia de os ver "a caminho do Sul", mas só os vimos de cima...

Mir, da Rússia
 
Até parece que os vimos de avião!

 E lá vão, a caminho de Cádis, 2.ª etapa da Tall Ships Races 2012.

sábado, 21 de julho de 2012

Incêndios - Sobreiros em risco

O incêndio que atingiu o concelho de São Brás de Alportel destruiu dezenas de hectares onde imperava o sobreiro, o que trará graves danos à indústria da cortiça.
Recordando que um sobreiro, quando se planta, leva quase 40 anos a dar cortiça de qualidade, façam as contas ao tempo que demoraremos a ter cortiça nesta zona.
Isto se os eucaliptos não substituírem os sobreiros.
É que a legislação aprovada pelo Governo há pouco tempo favorece esta hipótese.
Coincidências?

Bom (resto de) fim de semana

MAIT

Foi inaugurado o Museu Agrícola da Ilha Terceira.
Localizado na freguesia de Altares, uma das mais rurais do concelho de Angra do Heroísmo, apresenta uma exposição sobre o maneio da terra.


Recuperei a rúcula

Era assim que devia ter sido a salada (como entrada):


Fica para a próxima.

P.S. - O título devia ser O complexo de rúcula



Helena Cidade Moura

Com menos "publicidade" nos media, morreu ontem Helena Cidade Moura.
"Quem?", perguntarão alguns, mais novos ou de menos memória.
Era uma mulher de intensa participação cívica. Foi directora do Centro Nacional de Cultura no incio da década de 1960, personalidade próxima de Sebastião da Gama, Luís Lindley Cintra, Maria de Lourdes Belchior e David Mourão-Ferreira, ligada a iniciativas dos chamados católicos progressistas, dirigente do MDP/CDE, deputada à Assembleia da República e dinamizadora das campanhas de alfabetização a seguir ao 25 de Abril.


P.S. (já uns dias depois, mas sempre a tempo) - Um artigo publicado no Público sobre Helena Cidade Moura.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

António José Saraiva (pelo próprio)

«Eu sou existencialmente inconformista.
Eu sou, de origem, um camponês.
Eu fui espiritualmente cristão e teoricamente marxista.
Eu estou contra a sociedade, independentemente das teorias.
Eu acredito no espírito, mas não sou capaz de o definir.
Eu estou pronto a emigrar de novo, se necessário. Eu sou António José Saraiva.»

in O País Magazine, 11 de Fevereiro de 1982


António José Saraiva - caricatura de Vasco

Na hora da morte todos são muito bons

Morreu o historiador José Hermano Saraiva.
As televisões, sobretudo a RTP, estão a relembrá-lo.
Já muitas altas individualidades se referiram ao prof. Hermano Saraiva.
É natural. Era uma figura popular, pelas suas características de comunicador.

Na net encontrei muitas referências, algumas delas "ao maior historiador português". Nada menos!
Hermano Saraiva foi, após o 25 de Abril, um divulgador de temas de História.
A quem afirma tratar-se do maior historiador português, peço que me elucide qual foi o assunto da nossa História que estudou aprofundadamente e sobre a qual tenha produzido obra significativa - não me estou a referir às suas "generalistas" Histórias de Portugal, de que não discuto o mérito.

Desde a década de 1950 e até ao 25 de Abril de 1974, José Hermano Saraiva exerceu vários cargos públicos: foi Director da Campanha Nacional de Educação de Adultos, esteve na direcção do Instituto de Assistência aos Menores, foi deputado à Assembleia Nacional pelo única força política autorizada, foi professor no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (leccionando cadeiras de Direito), foi reitor do Liceu D. João de Castro (Lisboa), procurador à Câmara Cooperativa, Ministro da Educação (1968-1970, período de triste memória pela sua actuação na crise académica), embaixador de Portugal no Brasil (1971-1974).
Cargos de confiança política do Estado Novo, como se vê, não lhe faltaram.

António José Saraiva

Em comparação, o seu irmão, António José Saraiva, já falecido em 1993, produziu a grande História da Cultura em Portugal, escreveu com Óscar Lopes a História da Literatura Portuguesa, publicou ainda Inquisição e Cristãos-Novos (obra de referência sobre o tema, com 4 edições em 1969), para além de uma grande quantidade de estudos sobre grandes autores portugueses (Gil Vicente, Bernardim Ribeiro, Camões, Fernão Mendes Pinto, Eça de Queirós, Alexandre Herculano).
Ainda em contraponto a seu irmão, António José Saraiva foi impedido de exercer a profissão de professor em qualquer estabelecimento de ensino público ou privado, depois de ter sido preso pela PIDE (1949). Foi obrigado a exilar-se na década de 1950. A sua carreira académica prosseguiu em França e na Holanda, onde permaneceu até 1975, regressando a Portugal já como professor catedrático.

Quando existiu Herculano, quando tivemos Vitorino Magalhães Godinho e temos José Mattoso, dizer que José Hermano Saraiva era o maior historiador português só pode ser ignorância ou pobreza de espírito.
É como eu dizer que este é o melhor blog de todos!!!

Põe-te em guarda!

A Cátia, minha ex-aluna, aconselhou-me esta música para ajudar a ultrapassar as angústias da (des)organização do ano lectivo.


Obrigado, Cátia

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Veleiros em Lisboa

A Tall Ships Race trouxe ao Tejo meia centena de veleiros.
O Tejo tornou-se uma cidade flutuante.




Domingo à tarde, há o desfile dos veleiros no Tejo, entre Alcântara e Belém.
Então é que será o enfunar das velas.
Depois... a caminho de Cádis.
  

IVAs, IRSs e ways of life



A primeira coisa que vou fazer é pedir aumento de ordenado.
Caso contrário serei excluído de tão generoso benefício.


O que interessarão 250 euros a quem tem aqueles milhares?
Temos cada anedota no Governo!

terça-feira, 17 de julho de 2012

A trapalhada da desorganização do ano lectivo

Lembro-me de uma série cómica americana que era uma enorme trapalhada e que terminava cada episódio com a pergunta “Confuso?”. À pergunta seguia-se o convite “Então, não perca o próximo episódio.”

Algo de semelhante se passa com o lançamento do ano lectivo de 2012-2013.
Confuso? Então, não perca o próximo episódio.

A ordem dada pelo Ministro das Finanças, directamente ou por interposta pessoa - o pressuposto chefe do (des)Governo – terá sido: poupar x milhões de euros.
Os instrumentos são a criação dos mega agrupamentos, a reorganização curricular e as orientações do lançamento do ano lectivo, nomeadamente o aumento do número de alunos por turma.
Tudo pronto e aplicado garantia o sucesso da política educativa financeira.

Pouco tempo depois de ter entrado em funções no Governo, Nuno Crato foi ao programa do Prof. Marcelo e afirmou: “Quando se está no Governo tem de se saber fazer as coisas.”
Lamento dizer que ele – o Ministro da Educação (a sua equipa) – não sabe o que está a fazer.
Quem não conhece a realidade não pode actuar sobre ela de forma construtiva. Quem não estuda, quem faz o trabalho em cima dos joelhos, não pode ter bons resultados.

E a trapalhada está instalada. Parece que o Ministério se está a aperceber (vagamente) do que significa a reorganização curricular que aprovou. E já começou a pensar em possíveis medidas correctivas. Mas como não quer dar o braço a torcer - não quer mostrar a sua ignorância, a sua preguiça, a sua incompetência - o ministro considera que os professores estão a dramatizar a situação, pois estava tudo previsto, devidamente planificado e tudo corre de acordo com o plano.
Nada de pânico, pois.
Pois!

Crato garante que haverá lugar para todos os professores do quadro - Educação - PUBLICO.PT

E eu, que até tive alguma esperança com a nomeação deste ministro – tínhamos passado recentemente pela experiência traumática da Maria de Lurdes Rodrigues – reconheço que a sua impreparação é óbvia, os seus métodos e os seus tempos de acção desajustados.

E agora?
Depois de dois dias a trabalhar na distribuição de serviço começando a concretizar o objectivo do Governo, nomeadamente através da extinção dos professores contratados (a quem o Ministério insiste em não reconhecer como professores), aguardo poder voltar ao ponto zero da tarefa.
É que esta organização do ano lectivo é bem mais grave do que a licenciatura do Relvas.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Estava a ver que hoje não havia post

«Há jogos atrás da cortina, habilidades e corrupção. Este Governo é profundamente corrupto nestas atitudes a que estamos a assistir. (…) O problema é civilizacional, porque é ético. Eu não acredito nestes tipos, em alguns destes tipos, porque são equívocos, porque lutam pelos seus interesses, porque têm o seu gangue, porque têm o seu clube, porque pressionam a comunicação social (...)»
D. Januário Torgal Ferreira, TVI 24, 16 de Julho de 2012



Ouver aqui.

A minha frase preferida: «O 'outro' pesa muito pouco nos lucros deste Governo.»

domingo, 15 de julho de 2012

Saudades da Maria

Saudade das bolachas Maria, da fábrica de Coimbra da Triunfo - as melhores de todas.

Agora a Triunfo já não é a Triunfo, a fábrica de Coimbra já se foi há anos e ando perdido na secção das bolachas dos supermercados à procura do velho sabor - aquele sabor.

Sobre as fábricas da Triunfo, muito interessante o trabalho apresentado no site Restos de Colecção.

Sophia no Oceanário

«(...)
Mostra-me o mar a gruta roxa      e rouca
Feita de puro interior
E povoada
De cada ressonância e sombra e brilho»

          Sophia de Mello Breyner, Livro Sexto












«(...)
E nadei de olhos abertos na transparência das águas
Para reconhecer a anémona a rocha o búzio a medusa
(...)»
          Sophia de Mello Breyner, Dual



Não me lembrava que o Oceanário de Lisboa tinha tantos versos de Sophia ao longo dos aquários.
(também não me lembro se estes versos lá se encontravam. Se não estavam, deviam estar. Há vida para além das solhas...)

Se o Oceanário é isto, o que não será o fundo do mar!...

sábado, 14 de julho de 2012

A solha e a alegria

Uma amiga com um blog culinário tem como título e tema (entenda-se receita) do último post, desde o dia de S. João, Solha alegre surpresa .
Surpresa já não é, ao fim de 3 semanas...
Alegre... a solha é o peixe mais chato que se conhece! Ainda por cima, tem os dois olhos do mesmo lado, o que pode dar jeito para a sua vida de predadora, mas lhe confere um ar algo estranho, não contribuindo para a sua beleza. Só na perspectiva cubista, como algumas figuras de Picasso.


Como vês, procurei tornar esta solha mais atraente, mais alegre.
Um Picasso da cozinha
Marie Thérèse (ou a Solha alegre de Picasso)
Mais colorida!

Concerto de canto lírico e piano

Já foi há uma semana, mas estamos sempre a tempo de lembrar.


Recordar, então, a canção de Clara Schumann, que as mulheres são esquecidas entre os compositores musicais.
Clara, a esquecida, pianista virtuosa, sacrificada à carreira do marido Robert, mãe de 8 filhos, mas que ainda fez tournées (dir-se-ia assim na época?) pelas grandes cidades europeias. 
Warum willst du and're fragen ou, continuando o poema, leia os meus olhos, que os olhos não mentem.
Será que é verdade que foi mesmo Leonardo, o da Vinci, que disse "As mais lindas palavras de amor são ditas no silêncio de um olhar"? O lirismo de um engenhocas!
E a música?


Ana, valeu. Mas gostava muito de te ter visto e ouvido como Belinda, em Dido e Eneias.



Beijos e abraços

Hoje, quem googla recebe O beijo de Klimt.
Klimt nasceu há 150 anos. No quadro, pintado em 1907-08, os modelos serão o próprio Klimt e a sua amante, Emilie Flöge.


Para além de O Beijo, deixo um abraço.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Bom fim de semana


Renaissance - Bound For Infinity
Música com 40 anos

A Festa da Misarela


A propósito da data 6.ª feira 13, fui procurar informação sobre Montalegre e a Festa das Bruxas, para saber o que anda o Padre Fontes a fazer. E tive uma grande surpresa: a realização, no passado dia 3, de uma festa na Ponte da Misarela.


Grupos folclóricos, musicais, de danças e de teatro deram espectáculo na Ponte da Misarela – a Ponte do Diabo, nome do próprio espectáculo cénico – numa parceria entre os municípios de Montalegre e Vieira do Minho.
E a festa parece que foi grande, a julgar pela quantidade de intervenientes e pelas fotos divulgadas pela Câmara Municipal de Montalegre.



Património Cultural contra a corrente

As instituições internacionais da área do Património Cultural têm-se lembrado de Portugal.
Em Portugal é que os poderes e a comunicação social não se têm lembrado muito do Património - a espuma dos dias...

E os 6 órgãos tocaram (ou foram tocados)
Antes do Congresso referido na mensagem anterior (29 de Maio a 2 de Junho), e também pela primeira vez em Portugal, tinha-se reunido o Congresso Europeu do Património, aquele que será o mais importante evento anual europeu no campo da protecção e salvaguarda do património cultural.
No âmbito do Congresso, foi distinguida a recuperação dos seis órgãos da Basílica de Mafra.

A cerimónia da entrega dos prémios foi
no Mosteiro dos Jerónimos

XI Congresso Internacional de Reabilitação do Património Arquitectónico e Edificado


Desde ontem e até amanhã, realiza-se em Cascais o XI Congresso Internacional de Reabilitação do Património Arquitectónico e Edificado, iniciativa que ocorre de dois em dois e que, pela primeira vez, tem Portugal como país anfitrião.
Em discussão os caminhos actuais da conservação patrimonial, dando especial atenção ao património ibérico, nomeadamente o do concelho de Cascais.
Os dois módulos temáticos centrais são “Conservação do Património” e “Inovação e Novas Tecnologias”, havendo lugar a vários seminários e workshops.

Gosto desta linha




quinta-feira, 12 de julho de 2012

Nuno Crato merecia mais


Há muita coisa que nos devia unir.
Há coisas que nos separam.
Desencantos, desconfianças ou descrenças.
Falta-nos descobrir o bosão do outro, que dá forma e dimensão a toda a matéria que existe no Universo.


Os sindicatos (alguns) fizeram a sua prova de vida.
Agora que o Governo estava quentinho para ser malhado, devia seguir-se mais… qualquer coisa. Não o deixar arrefecer!


Mas... E agora?
“Prontos”. O pessoal ficou satisfeito, gritou umas palavras contra o Governo e o Ministro, desopilou, tratou do fígado. A partir da próxima semana há professores que começam as férias, em Setembro reencontramo-nos na escola, isto é… reencontra-se quem pode. Os outros estão OUT! Alguns milhares.

Porque há muito em jogo, hoje, o Nuno Crato merecia mais.
Mas o jogo começou tarde. Ainda nos falta a tal partícula de Deus.

sábado, 7 de julho de 2012

O (des)entusiasmo por trazer novas vidas ao Mundo

Em Novembro de 2007, quando visitou o distrito da Guarda, Cavaco Silva manifestou-se preocupado com a desertificação do interior do País e questionou “Por que é que nascem tão poucas crianças? O que é preciso fazer para que nasçam mais crianças em Portugal?”. E acrescentou: “Eu não acredito que tenha desaparecido nos portugueses o entusiasmo por trazer novas vidas ao Mundo”.
Não sei se lhe explicaram as razões.
Cinco anos depois, até já mudou o Governo mas os portugueses ainda não se entusiasmaram.

Usando os dados do Centro de Genética Médica Dr. Jacinto Magalhães, relativos ao “teste do pezinho”, calcula-se que nos primeiros 6 meses deste ano terão nascido menos 4009 bebés do que no mesmo período de 2011. A confirmar-se este valor, 2012 poderá ser o primeiro ano em que o número de nascimentos irá ficar abaixo dos 90 mil, desde que há registos (há cerca de um século).

Se os especialistas em demografia e as associações de família consideram esta situação “alarmante” e “irrecuperável”, eu, não sendo especialista mas usando o senso comum, dou razão a quem não está a querer ter filhos ou a quem está a seguir o conselho do Governo – emigrar. Só prova que são pessoas realistas. Ter filhos numa sociedade como esta é uma aventura sem rede.

Alarmante e irrecuperável (para o país) é a hipótese (muito real) de continuarmos, nos anos mais próximos, com a mesma corja à frente dos destinos de Portugal.