"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

sábado, 29 de setembro de 2012

Teixeira Te Deum

Ouvi-o hoje e foi amor ao primeiro ouvido.

 
 
Um magnificente Te Deum, de António Teixeira, compositor nascido em Lisboa, em 1707, e que terá morrido quando do terramoto de 1755.
D. João V mandou-o estudar música para Roma ainda muito jovem (9 ou 10 anos). No regresso foi capelão-cantor da Sé de Lisboa.
Compôs cantatas e óperas, nomeadamente a música para libretos de António José da Silva (O Judeu). O Te Deum a 20 vozes será a sua obra mais importante.

Desta música poderei dizer o que Antero disse de uma palavra.

Porque a fortuna da gente
Está às vezes somente
numa palavra que diz.
Por uma palavra, engraça
uma fada com quem passa
e torna-o logo feliz.

 

Yoga no sobreiral e Manif na urbe

Há momentos em que temos de deixar o sobreiral - a yoga é outra. 




Camões presente em cartazes
 
Até os monárquicos foram à manif


O Che também lá estava

 
E lembrem-se:














As "serpentes" são as mentiras do capitalismo

Sueño con serpientes - Mercedes Sosa e Milton Nascimento


Em dia de Jornada de Luta contra a política do (des)Governo, transcrevo um dos comentários anexo ao vídeo no YouTube:

«Las serpientes son las mentiras del capitalismo. "Pero se destruye cuando llego a su estómago y planteo con un verso una verdad".
En los versos del estribillo "la mato y aparece una mayor" son las mentiras que, cada vez mayores, destruyen la lucha de un hombre o del pueblo.
Por todo eso, la cita de Bertolt Brecht, dramaturgo marxista, al inicio.»
É isso aí.
 
 

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

M.

«Todos os dias as suas águas pequenas afloram os meus olhos. E eles, que morriam de inanidade, ganham então súbitos brilhos, abrindo respiradouros para a vida. A pureza, quando não é um olhar infantil, é uma aprendizagem entre venenos subtis. Raramente se alcança, e quando isso acontece já os nossos olhos estão secos - como poderá tão melindrosa flor abrir no deserto? Por isso estas águas, por mais exíguas, me são tão preciosas.»
Eugénio de Andrade, Vertentes do olhar



 

Experiência-piloto de Miguel Relvas serve de modelo


Já não haverá, então, o ensino profissional para esses alunos?

Os pólenes da Primavera devem andar por aí. Os ministros andam hiperactivos.
Há contágios delirantes.

Ou será um jogo: neste Governo, quem propuser mais disparates no menor espaço de tempo ganha!!!

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Mais uma canção do medo



 
 
 

A moral e a ética não se vendem

Nem em tempos de crise.

Abraços

A cadeira do barbeiro

Esta, de óptima aparência e muito bem conservada, está n' A Travessa do Fado, restaurante petisqueiro junto ao Museu do Fado, no Largo do Chafariz de Dentro (Alfama).
Tem uma tarte de figo que é uma delícia. Um portento!


Cadeiras do barbeiro fazem-me sempre lembrar a Banda do Casaco. O trauma do disco que não tenho. Agora podem-se ouvir todas as faixas no YouTube.


 
 Prova-se aqui que... cadeiras há muitas. Banda do Casaco havia uma (saudosa).

domingo, 23 de setembro de 2012

Era só o FMI

Pormenor de uma fotografia de Eduardo Gageiro, do 1.º de Maio de 1981

Na exposição de fotografias de Eduardo Gageiro, Lisboa amarga e doce - 1975 / 2010, achei piada ao observar, numa foto da manfestação do 1.º de Maio de 1981, a faixa com a frase "Não queremos aqui o FMI". Era só o FMI, ainda não tínhamos entrado na CEE.
Extraordinariamente actual 21 anos depois.
Parece que não crescemos muito.

Troikam-nos as voltas!

 
Entre o que se promete, o que não se faz, o que se anuncia, o que se comenta, o que se decide, o que se ameaça, o que realmente se faz... já me sinto perdido.
Já não sei que subsídios me roubam, que IRS me descontam, que taxas vou pagar, quando me vão roubar mais...
O Seguro está feliz porque o Governo recuou na TSU. Tanto me faz ser roubado na TSU, na TSA ou na TSI - sou roubado de qualquer maneira!
 
Parece que na Casa dos Segredos do Conselho de Estado o único que se apercebeu que já não havia nada a falar, pois todas as conclusões estavam previamente tiradas, foi Mário Soares. Por isso saiu umas largas horas mais cedo.
Janta-se e dorme-se melhor em casa.
 
Manifestação, dia 15 de Setembro

Roupa estendida


Lisboa amarga e doce

Na pequena Galeria de Exposições dos Paços do Concelho (Lisboa),



























«Outra vez te revejo - Lisboa e Tejo e tudo»
Fernando Pessoa
Até 9 de Outubro

 

As primeiras chuvas

As primeiras chuvas estavam tão perto
de ser música
que esquecemos que o verão acabara:
uma súbita alegria,
súbita e bárbara, subia e coroava
a terra de água,
e deus, que tanto demorara,
ardia no coração da palavra.
Eugénio de Andrade, Rente ao dizer

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

E no Porto também há vacas!

«O arco-íris que hoje se desenhava sobre o Porto apresentava uma cor a menos - o verde. Após uma rápida investigação resolveu-se o mistério: uma vaca fora vista ontem a pastar no arco-íris.»
Jorge Sousa Braga, O lírio que há no delírio

Os Açores nestas férias (ou os Açores no Porto)

O corte nos subsídios de férias e de Natal, este ano, tiraram-me a ilusão (e o gozo) de ir aos Açores nas férias que passaram.
Mas encontrei os Açores no Porto.

Cartaz de uma exposição de fotografias
dos Açores no Centro Português de
Fotografia (antiga Cadeia da Relação)
Aliás, será de lembrar que os liberais que desembarcaram na Praia do Pampelido e tomaram o Porto - os Bravos do Mindelo - concentraram-se nos Açores, de onde partiram para vir libertar o reino do absolutismo miguelista. O desembarque, com o que representará a entrega do estandarte, está retratado na escultura lateral do pedestal da estátua de D. Pedro IV.


Ilha Graciosa

Foi na Graciosa que se deu a benção da revelação do sorriso das vacas. Só num local com esse nome tal podia acontecer.

De todas as ilhas dos Açores, a Graciosa é aquela onde há mais tempo não ponho os pés.
Ainda não fui em romagem a tão sagrado lugar d.v.
Vou pedir à presidência um subsídio para essa peregrinação.

Santa Cruz da Graciosa (1996)

Sorriso das vacas, Ano 1

Foi a 19 de Setembro de 2011 que o Voluntário que ocupa o Palácio de Belém reparou no sorriso das vacas, revelação tornada pública no dia seguinte.
O Mundo não foi mais o mesmo.
O blog mudou logo de nome.

Porque eu, qual milagre de origem divina, também fui tocado pela graça de poder reparar no sorriso das vaquinhas açoreanas. O que perdi na vida até aí!
Como é que eu ainda não distinguira o sorriso destas bovinas felizes?
Para mim, a contagem do tempo passou a fazer-se com a indicação a.v. e d.v. - antes das vacas e depois das vacas.

Primeiro take das vaquinhas soridentes para a imagem do blog.
À primeira mordeu-lhe a mosca, não mostrou o sorriso.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Haja fantasia, alegria, allegros e rondós

Beethoven - Concerto para piano n.º 1
 

 
 

Memórias da floresta em Espanha - fotografias

Sobreiro de Mas Cama, Romanya de la Selva, Girona
Para os amantes das árvores, a  Fototeca Florestal Espanhola disponibiliza um fabuloso arquivo com mais de 21 mil fotografias sobre a temática florestal.

Já encontrei um conjunto interessantes sobre montados/sobreirais e a cortiça.


Museu da Carris em semana de aniversário

Museu da Carris, localizado na Estação de Santo Amaro, passou a contar com mais um núcleo de exposição, com veículos que aguardam restauro, dispõe de uma nova loja e de novos produtos, para além de ter estabelecido parcerias para outros projectos.
Tudo numa semana em que a Carris comemora 140 anos da sua fundação - aprovação dos estatutos como empresa (18 de Setembro de 1872), na cidade do... Rio de Janeiro.
Dois irmãos, Luciano e Francisco Maria Cordeiro de Sousa, inventores de um novo sistema de viação e locomoção, transferiram para um grupo de capitalistas brasileiros os direitos que tinham para pôr a funcionar em Lisboa "carros cómodos e seguros para carga e passageiros, movidos por força animal e sobre carris de ferro" - o Americano.

Réplica de um Americano (Museu da Carris)

A primeira viagem, ainda experimental, fez-se só em Setembro de 1873, havendo o receio de que os carros puxados por mulas não aguentassem a rampa de Santos ou o declive da Pampulha. Mas tudo correu bem e, em 17 de Novembro do mesmo ano, iniciou-se a carreira entre Santa Apolónia e Santos.
Carros eléctricos só em 1901 e autocarros bem mais tarde.

Americano na zona do Cais do Sodré, quando a
Av. 24 de Julho ainda estava em construção
(finais da década de 1870?)
A história da Carris, com apontamentos deliciosos, prolongou-se até hoje e esperemos que se prolongue ainda mais, agora que a empresa se vai juntar à do Metropolitano.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Luís Goes

Habituei-me a ouvi-lo "lá em casa" há muito tempo.
A D. Clotilde tinha um LP dele. É o único disco dela de que me lembro.


Identifico Luís Goes com o poema que é aqui cantado.
 

 
 

Bonitas e boas




Já há romãs!

Faz bem em não aceitar

Maria Teresa Horta venceu o Prémio D. Dinis pelo romance As Luzes de Leonor (2011), centrado na vida de D. Leonor de Almeida Portugal de Lorena e Lencastre (1750 - 1839), Marquesa de Alorna, neta dos marqueses de Távora e de quem a escritora é ainda descendente.

D. Leonor foi uma mulher invulgar, com uma sólida formação cultural de carácter literário, filosófico e científico, que adquiriu, em grande parte, no Mosteiro de Chelas, onde viveu enclausurada dos 9 aos 18 anos, por ser neta dos marqueses de Távora, vítimas da perseguição do Marquês de Pombal.
Por morte de seu irmão, herdou o título de Marquesa de Alorna, nome de uma praça-forte da Índia conquistada pelo seu avô, o Vice-Rei D. Pedro de Almeida de Portugal.

Encontrei-a no Sábado passado, no palácio dos marqueses de Fronteira e Alorna, que eu cá sou assim: dou-me com a verdadeira aristocracia e lá estava D. Leonor em retrato, numa das salas, o mesmo retrato que encontramos na capa do livro (há outro que representa D. Leonor com o ar cândido da mais pura avozinha, daquelas das estórias, como se pode ver).

«Os seus salões de S. Domingos de Benfica foram frequentados durante toda a época das lutas civis e ainda depois da vitória liberal por literatos de gerações diferentes, desde os últimos árcades até aos primeiros românticos, como Herculano, em quem despertou o gosto pelo romantismo alemão.»
António José Saraiva e Óscar Lopes, História da Literatura Portuguesa

Tudo isto agora porque Maria Teresa Horta recusa-se a receber o prémio das mãos do primeiro-Ministro, pois considera que Passos Coelho e o seu Governo são "mentores e executores" da política que está a colocar o país "em níveis de pobreza quase idênticos aos das décadas de 1940 e 1950".

Uma digna descendente de Alcipe, pseudónimo literário de D. Leonor.
Para este Governo a cultura é só decorativa. A Fundação das Casas de Fronteira e Alorna consegue manter a tradição das actividades culturais como algo nobre e genuíno.


Os nossos políticos não são corruptos

"Os nossos políticos não são corruptos", afirmou Cândida Almeida, Procuradora-Geral Adjunta, Directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal, numa conferência da Universidade de Verão do PSD.
Disse ainda que Portugal é um dos poucos países europeus onde se investigam "grandes negócios do Estado".
Não parece!... Ou os resultados não se vêem!
 

 
 Obrigado ao Tiago Cardoso por lembrar.

 

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Universo ou Infinito particular

«Com o YouTube, o facebook, o my space tudo se partilha. Nem sabemos porquê. Talvez haja mensagens subliminares ou declarações de amor camufladas. Lembro-me de um dia ter partilhado uma canção com o desejo que tu a ouvisses. E recebi o comentário de alguém: “Quem me dera que fosse para mim”. E por acaso até era. Porque as partilhas do facebook, por defeito, são feitas para toda a gente e para ninguém em particular. São declarações de gosto e busca de cumplicidades, para que nos sintamos menos sozinhos no nosso universo curtíssimo, do meu universo particular (como dizia Marisa Monte) (...)»
Manuel Halpern, JL, 9 de Março de 2011

Para além do "universo particular", o Universo ao meu redor e o Infinito particular.
Mas com a Marisa estamos sempre bem.
Partilho com o desejo que todos a ouçam.

 
 

domingo, 16 de setembro de 2012

Para substituir a foto repetida

Com o tempo e a quantidade de imagens já usadas arriscamo-nos a repetir.

Vanessa, para que a foto não seja sempre a mesma.

Caldeira (Ilha do Faial - 1997)

O Cabo Espichel e N.ª Sr.ª do Cabo

Hoje de manhã, encontrei-me envolvido, de alguma forma, nas festas em honra de N.ª Sr.ª do Cabo, em Linda-a-Velha.
A princípio não estava a ver a ligação entre a Sr.ª do Cabo (Espichel) e esta banda. Depois, recuperando informação, o espírito foi-se iluminando, sem recurso a qualquer efeito milagroso.
Seguindo uma antiga tradição, a imagem da Santa faz o chamado "Giro dos Saloios" - todos os anos visita uma freguesia diferente de um concelho da margem Norte, num conjunto de 26 freguesias dos concelhos de Cascais, Lisboa, Loures, Mafra, Oeiras e Sintra. No caso de Lisboa são as freguesias de Ajuda e Benfica.
Ao fim de 26 anos, a Santa (peregrina) reinicia o ciclo.


E eu, desta margem Norte, da minha janela, todos os dias a ver o Cabo Espichel ao longe.
E lembrei-me dos caderninhos de desenho do rei D. Carlos. Num deles lá está desenhado a lápis o Cabo Espichel e escrito o nome de Nossa Senhora do Cabo.


Agarro-me ao que cheira a férias

É o instinto de resistência.

Memórias...


Ainda hoje, ao fim da tarde...

 
A partir de amanhã...
 
 
 

Que fazer com o deslumbramento?


As pessoas surpreendem-se com o poder que têm ou podem ter.
E agora?

Eu, professor, lembro-me da manifestação de professores de há... quanto anos? Era ainda ministra Maria de Lurdes Rodrigues.
E depois?
As negociações com as estruturas representativas deram... "uma pouca de chica maroca", como dizia a minha avózinha.

Neste caso não há estruturas representativas - é democracia directa.
Como reagirá o Governo, completamente isolado e desacreditado? Assobiará para o ar e dirá que não é nada com ele?
Que uso podemos dar à força indignada?
Voltaremos à nossa obstipação quotidiana e, quando chegarem as eleições, votamos nos do costume?

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Que se lixe a Troika!



 
Muito bem, Mr. Chullage.
 
P.S. - Só não gostei da referência ao "carrasco".
 
 

Sigur Rós - Varud (ou lá que é!...)

Afinal...
Os Sigur Rós sempre devem vir a Portugal, em Fevereiro.



Como diz o pequeno texto que acompanha o vídeo, há forças estranhas que nos empurram.
"The only thing that matters is how you feel."

Espantoso ter chegado a este vídeo do português Diogo Louro porque um ex-aluno, de apenas 13 anos, o quis partilhar e apelou à sua votação num concurso de vídeos para (ou com) a música dos Sigur Rós.
Ah, grande Pedro!

 

Sentimentos tão paralelos quanto a economia

No meio dos dados estatísticos desgraçados com que somos bombardeados, li que a chamada economia paralela segue pujante. Afinal, até somos produtivos.


Uma pessoa ri-se de gozo porque uns chico-espertos enganam o Estado que nos esmifra a nós. É a pequena vingançazinha (já que não sou eu que engano o Estado).
Uma pessoa, ao mesmo tempo, fica a pensar que se não fossem estes e outros chico-espertos (como aqueles que estão ou são suportados pelo Estado), não precisaríamos de ser esmifrados. É a vingança do Estado.
Resultado: Estado (mesmo cego e estúpido) - 5  Vingançazinha - 1
Detesto perder!

Pé de porco no Victoria & Albert Museum

Pode parecer estranho e desadequado estar um quase presunto num sítio tão requintado.
Mas explica-se facilmente: o Pé de porco é um banco desenhado por Fernando Brízio para o 10.º London Design Festival, inaugurado hoje no Victoria & Albert Museum.
"Uma homenagem ao ecossistema que rodeia a produção deste material, onde se destaca, devido à preservação da natureza, o porco preto".
Cada um homenageia o que pode como pode e quer.
Nunca me passaria pelos pés esta ideia!


quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Ainda nos tiram o bacalhau!

Nem o bacalhau nos deixam em paz!
Pelos vistos ainda teremos de voltar à seca do bacalhau.

Recordo as secas de bacalhau no Seixal, mesmo em frente à antiga vila.

Imagem de História do Concelho do Seixal, de Eugénio Silva
 
Na segunda década do século XX surgiram duas firmas de seca de bacalhau na Ponta dos Corvos (Seixal).
A última que aqui se instalou, já em 1947, foi a Atlântica, de que restam as ruínas das instalações.
 
 


Não faz nada por menos

Presunção e água benta... cada um toma a que quer.

 
Só lhe faltava dizer: "L'État c'est moi!"

quarta-feira, 12 de setembro de 2012