"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Um bom 2013

A todos os amigos

Que 2013 esteja à vossa altura
 
Decididamente...
acima das possibilidades de quem nos (des)governa

 
 

Acordar



P.S. - No tempo dos discman

El derecho de vivir en Paz


Há lugares onde a justiça é lenta.



 

Qual deles já está reformado?

Nos mails que pululam por aí e são trocados à exaustão, achei piada à pergunta.

«Qual deles já está reformado?»

Manuel de Oliveira acompanhado por Assunção Esteves,
na ocasião em que o cineasta, com 103 anos
e com vontade de estar activo,
foi homenageado na Assembleia da República.

As duas mais altas figuras do Estado Português são reformados.
Da Santíssima Trindade governativa - Portas é o 4.º mosqueteiro - Relvas também já tem direito a reforma. Tudo de acordo com a lei.

Grau zero da cultura ou a estupidez de quem governa



O Orçamento da pasta da Cultura previsto para 2013 é de... 0,1% do PIB.
São "poucochinhos" de cabeça!

Petição Um Abraço pela CASA DA MÚSICA
http://peticaopublica.com/PeticaoVer.aspx?pi=P2012N33975

A Educação em 2013: Concentração e Distância - opinião de Paulo Guinote

Espero que consiga ser lida em
 

domingo, 30 de dezembro de 2012

Mal-me-quer bem-me-quer, mal-me-quer bem-me-quer, muito, pouco, nada...

Não guardo especiais saudades de 2012, mas aquilo que 2013 promete não me deixa com muitas esperanças em relação ao novo ano.
Como diz o meu sobrinho (2 anos): "O caraças!"

30 anos de "Allo Allo!"

Frequentei o que deveria ser um pouco recomendável café.

 
Allo Allo! conseguia arrancar gargalhadas satirizando um período negro da História, como o da ocupação de França durante a 2.ª Guerra Mundial.
René Artois era o pacífico proprietário do café, na ocupada localidade de Nouvion, obrigado a cooperar com os alemães, por um lado, com a Resistência, por outro... sem deixar de pensar no seu negócio e na sua sobrevivência. O café era o centro da acção e René a personagem à volta da qual se construíam as situações mais caricatas, desde as tentativas de repatriamento dos dois aviadores ingleses que se escondiam no café à recambulesca aventura do quadro de Van Klomp, The Fallen Madonna with the Big Boobies. As personagens eram das mais desvairadas.
Continuo a frequentar o café e a rir com o mesmo gosto quando revejo, pela enésima vez, os episódios da série, com cenas deliciosamente delirantes.

sábado, 29 de dezembro de 2012

Gozar o (m)ar

Enquanto não pagamos taxas por ir à beira-mar.




Paulo Rocha (Porto, 1935 - 2012)

Não conheço o cinema de Paulo Rocha - falha minha.
Participou na fundação do Cine Clube Católico, juntamente com Bénard da Costa e Nuno Bragança, entre outros. Só a companhia desses dois nomes seria um bom cartão de apresentação.
Dizem que os seus Verdes Anos, filme que realizou em 1963, representa o início do cinema novo, que "transformou tudo no cinema português".
Em 1966 realizaria Mudar de vida. Depois faria outros filmes.
Não conhecendo os dois nomeados, para mim eles são música. As músicas compostas por Carlos Paredes para eles. E essas músicas têm algo de mágico, transportam-nos a outro nível de vivência, a um mundo sublime. Elas têm o lirismo que os críticos descobrem no cinema de Paulo Rocha.
Enquanto não conheço os filmes, recordo/dou a recordar as músicas.

 


 
A propósito desta última música, diz um comentário no YouTube
"Até me corta a alma!"
Toca fundo, se toca!!
 

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Da minha janela, a ver o Sol e a ver a Lua

E nuvens, muitas nuvens...






O Sol e a Lua, para memória futura (na incerteza meteorológica do fim do ano).

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Uma questão de esquizofrenia (e de maus mestres)

Um estudo publicado pela Universidade do Minho (Núcleo de Investigação em Políticas Económicas) conclui que «desde a entrada na Comunidade Económica Europeia, mais de metade da queda de sectores como a indústria ou a agricultura, no total da economia portuguesa, aconteceu entre 1988 e 1993.»
Quem foi Chefe de Governo em Portugal nesse período?
A mesma pessoa que ultimamente tem lamentado o facto de Portugal ter perdido a sua indústria e a sua agricultura.
A mesma pessoa que manifestou clara discordância com a proposta de Orçamento de Estado para 2013 e a aprovou.

Poderá alegar que à data da nossa entrada na Comunidade Europeia eram essas as orientações, tal como agora seguimos as orientações da mesma Comunidade.
Sempre fomos "bons alunos". Os mestres é que parece que não são grande coisa!

Igrejas para 3.ªs núpcias

Esclareço que o título não pretende ser o anúncio publicitário que pode parecer.
Acontece que, em duas estadias na cidade do Porto, consegui falhar a visita a um conjunto de igrejas onde tinha pensado ir: Igreja da Foz, de Santa-Clara e de S. Lourenço.

Falhei esta última, em Agosto, por erro na leitura da planta da cidade: acabei a descer as Escadas das Verdades (antigas Escadas das Mentiras), em direcção à Ribeira.
Sobre ela andava curioso relativamente à "alcunha": Igreja dos Grilos. Pensava que o nome estivesse relacionado com os hábitos dos Agostinhos. Afinal, segundo fontes credíveis que consultei, o nome da igreja "viajou" de Lisboa.

A Igreja e Colégio de S. Lourenço corresponde a um conjunto de edifícios mandado construir pelos Jesuítas, no último quartel do século XVI. Expulsos estes pelo Marquês de Pombal, passaram as instalações por outras mãos até os Frades Descalços de Santo Agostinho aí se estabelecerem, em 1780.
As tropas liberais de D. Pedro IV correram com os frades agostinhos do convento, para aí se instalarem, nomeadamente o Batalhão Académico a que pertencia o jovem Almeida Garrett.
Voltaria a mãos religiosas após a guerra civil.

Mas o nome por que eram conhecidos os Frades Descalços de Santo Agostinho - os "Grilos" - pegou e as placas identificativas provam-no.
"Grilos" porque o local onde esse ramo dos Agostinhos se instalou em Portugal, proveniente de Espanha, em 1663, foi o sítio do Grilo (Xabregas), onde ganharam o afectuoso nome de "frades-grilos".

Nas instalações dos "Grilos" funciona hoje o Museu de Arte Sacra e Arqueologia do Porto (tudo num só?).
Numa próxima viagem ao Porto, não posso falhar a Igreja de S. Lourenço.
Grilo seja eu!...

Igreja de S. Lourenço, ao centro,
vista... ao longe (da antiga Cadeia da Relação)

O "amigo" parece que está a ficar piegas!

 
E não era isso o que o Governo pretendia?
Ou o "amigo" está arrependido?

A chamada "lágrima de crocodilo" (para não lhe chamar nomes...)

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

A economia explicada ao povo

«- Pois sim; mas não deve meter-se a falar em coisas que não entende. As estradas não servem para nada? As estradas são meios de comunicação e... facilitam o... o... o tráfego comercial e aumentam por conseguinte a riqueza das nações... Porque o trabalho representa um capital... sim, senhores, mas... mas um capital... sim... um capital morto... quero dizr um capital que não vive... Quer dizer... sim... suponhamos: o crédito por exemplo... O crédito... sim... aí está o crédito... Pois que é o crédito?... O crédito é... é o crédito... depende de muitas coisas... Por outra, suponhamos... se nós não tivéssemos estradas... Uma suposição... Partamos de um princípio. A produção excede o consumo... Quero mesmo que o consumo exceda a produção... Sim, quero mesmo isso... Muito bem... Daí que resulta? Está claro que um desequilíbrio. E depois? Depois, boas noites... Não havendo estradas... Aí está que se diz por aí que a livre exportação, que tal, que sim senhores... mais isto, mais aquilo... Pois não é assim. É preciso que se atenda também às condições económicas dos povos. Sim... eu digo: o comércio deve ser livre... Muito bem... Em termos já se sabe... Mas... po comércio livre... a livre troca... entendamo-nos... É preciso clareza de ideias... Quando eu digo que... Ora suponhamos... suponhamos que não havia estradas. Os transportes eram mais difíceis e portanto mais caros... E se além disso os géneros forem escassos e... Diz vossemecê, para que servem as estradas? Ora diga-me uma coisa, Sr. Manuel, suponhamos que... os impostos indirectos... não precisamos de ir mais longe... os impostos indirectos... Sempre queria que me dissesse o que havia de fazer?
- Impostos, Deus me livre deles! - murmurou o lavrador, cujos instintos trepidaram à palavra "impostos".
- Isso também não é assim... Deus me livre! Não se diz Deus me livre, porque a riqueza... a riqueza... sim, a riqueza não está na terra... isto é, a riqueza está na terra... mas é preciso o capital para a exploração... Percebe?... Ou... suponhamos... por exemplo... Não... vamos cá por outro lado... Há um "deficit" num orçamentop... desce o preço das inscrições... Ora bem... Mas... suponhamos que há boas estradas, "et caetera..." A riqueza tende a aumentar... e... e... Enfim lá que as estradas são úteis, isso é que não tem questão.»
Júlio Dinis, A Morgadinha dos Canaviais

Cena do filme A Morgadinha dos Canaviais, de Caetano Bonucci (1949)
Na taberna, à esquerda, o "brasileiro" Seabra, a personagem do discurso económico

Em cada um de nós vive um Ministro das Finanças

Sei, por experiência própria, que em cada professor vive um Ministro da Educação, que em cada funcionário de um museu vive um potencial director.
Sei, também (basta andar de transportes públicos ou estar numa fila com mais de duas pessoas num serviço público), que em cada cidadão vive um Ministro das Finanças, o que equivale a dizer um Chefe de Governo.
O caso do economista que, pelos vistos, não o é, confirma a última destas teses. Também serve para confirmar a baixa (ou será alta?) cotação actual dos economistas: qualquer um é entrevistado, chamado a comentar a situação que vivemos e a prever a que viveremos.
O difícil é os economistas "meterem a mão na massa" e acertarem (o que quer que isso seja). Quando governam, os economistas "ladram" e a caravana passa.

Mas... convenhamos: quando alguém se afirma professor catedrático, consultor das Nações Unidas (encarregue de montar um observatório dos países da Europa do Sul em processo de ajustamento) e professor na Milton Wisconsin University, dá entrevistas ao Expresso, SIC-Notícias e TSF, com repercussões na imprensa internacional, e faz uma conferência no Grémio Literário (apresentado pela Presidente do American Club)... é obra! Há ali trabalho, conhecimento. Quanto mais não seja, o conhecimento necessário para ter passado por aquilo que parece que não é. Mas pareceu! Vi a sua participação no Expresso da Meia-Noite e o seu discurso (e a pose) pareceu-me convincente e, até, com dados interessantes, nomeadamente o das condições muito favoráveis das ajudas da Comissão Europeia e do Governo Alemão ao Hypo Real Estate (o BPN alemão, portanto, em BOM!), nacionalizado em 2009. É verdade?

Vendo bem, pelo que fez, se não é professor catedrático... merecia ter equivalência. O Relvas que o diga.

P.S. - O Bartoon de hoje:

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

A quem me ofereceu pantufas n.º 45

«Bem, o sapatinho é um chanato 45... Mas a quadra, propensa a ternurinhas, aguenta o diminutivo. (Já ouvi alguém dizer, desiludido com o chamado teste do nariz, "Narizinho enganador!" para uma penca dessas que dobram a esquina meia hora antes do proprietário).
... Um chanato 45, preto, de homem - um sapatinho na chaminé. Está certo! Se eu, que já vou na casa dos sessenta, ainda jogo (marralhões!) o berlinde com o rapazito da porteira (que dores nas cruzes!), por que não há-de um maduro brincar consigo próprio à divina mentira da infância recuperada intacta pela mágica operação sapatinho-na-chaminé?»
Alexandre O'Neill, Uma coisa em forma de assim


P.S. - As pantufas não são pretas.
 

A cortiça no presépio

Tinha-me esquecido do presépio do Mercado do Bolhão. Mas ainda estamos no Natal, vai a horas. E o Natal é sempre que um Homem quer!...
Os presépios barrocos usavam a cortiça como elemento decorativo. Aqui é toda a estrutura arquitectónica da manjedoura.


segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Bom Natal

Um bom Natal para quem passar por aqui.
Para os outros também.


 
Canção de Natal de origem renascentista.
Canta-se na Terra de Miranda, Mogadouro e Vimioso
 

Nem gruta, nem manjedoura

Quando se discutem vários aspectos da infância de Jesus, novos dados questionam a tradição.

Qual gruta, qual manjedoura!
Nascimento de Cristo foi num bar irlandês, conforme documenta a foto.

Cascais, Largo 5 de Outubro

Conto de Natal

«Como toda a gente sabe, e os meninos melhor que ninguém, o Natal é uma coisa muito velha. O que nem toda a gente sabe é que, no princípio, ele não era pai; nem era velho, e não tinha, portanto, barbas brancas. Assim, quando o menino Jesus nasceu, já todos os meninos punham o sapato na chaminé.
A única diferença era que a chaminé não tinha, como hoje, fogão de gás ou gogareiro. Depois, com o menino Jesus, veio outra diferença: também ele punha o sapatinho, que, por acaso, era uma sandália.
(...) quando o menino Jesus ia fazer sete anos (...) como os outros meninos, tinha vontade de crescer e não acreditava no Natal. Ele bem sabia quem punha os brinquedos na sandália (era a mãe), e, por não haver então lojas de brinquedos, e, mesmo que houvesse, não terem os pais do menino Jesus dinheiro para os comprar (os brinquedos já eram muito caros), ele bem vira São José estar a fazer uma carrocinha, às escondidas. Por isso, naquela tardinha, sempre muito comprida, que há antes da noite de Natal, noite que, por sua vez, é a mais comprida do ano, o que lhe valeu ser ela a Noite de Natal; por isso, como ia dizendo, o menino Jesus, que estava à espera de lhe darem a carroça, fingia que se não importava, fingia, até, não esperar coisa alguma.»
Jorge de Sena, Razão de o Pai Natal ter barbas brancas
 Antigas e novas andanças do demónio
  

sábado, 22 de dezembro de 2012

Mar da Foz

«Chegam os dias de Inverno, e aquela voz colérica, que ouço desde pequeno, engrossa e mete medo. É um rebramir que acaba sempre na mesma nota profunda - u-u-u -, que entra pela terra e pelas almas dentro. Andam enrodilhados no ar farrapos de nuvens e espuma, que o vento cospe para o alto.»
Raúl Brandão, Os pescadores


sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Solsticiámos

Ontoje Hojamanhã, este será o vídeo mais ouvisto.
 

 
Já que não acabaram, a partir de hoje os dias são sempre a aumentar.
 
Chegada do Inverno vista da minha janela
 

Quebra-nozes na TV

O Google recordou, esta semana, o aniversário da 1.ª apresentação do bailado Quebra-Nozes, concebido musicalmente por Tchaikovsky.
Hoje, no canal Mezzo, a partir das 19.30 h, passa o bailado na coreografia de Maurice Béjart.

Um cheirinho musical (e de fantasia da Disney) de Quebra-Nozes:


 
 

Natal da Galileu

Faz amanhã 40 aninhos.


A cave - a sua imagem de marca

Natal em Lisboa (1959)


Parece qu'inda cá estamos

Ainda não aconteceu o fim do mundo.
Pelos vistos é um processo com algumas semelhanças ao da falhada privatização da TAP.

Os Maias deviam ter um rapaz como o Relvas a fazer os calendários.

Por este andar, ainda vamos chegar ao Natal.
Bebam uns copos para festejar e...
Que a cortiça não vos falte!


















quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Desqualificar

Uns procuram classificar, outros desqualificam (por ignorância, desprezo ou algo semelhante).


É o facto de existir uma Casa da Música, Serralves ou outros pequenos tesouros (por vezes pouco conhecidos, como as casas-museu Guerra Junqueiro e Marta Ortigão Sampaio) que me leva a mim, lisboeta, e certamente a muitas outras pessoas, à cidade do Porto.

Há fundações e fundações, com diferentes objectivos e formas de funcionamento. Os cortes não podem ser cegos, indiferentes ao valor de cada um dos projectos. A cultura não pode ser o parente pobre de um país governado por gente que vive centrada, unicamente, nos números dos défices.
Pobres, culturalmente pobres, são esses que nos (des)governam e nos fazem perder a alma.

«Um país será tanto mais rico, quanto mais rica for a sua cultura.», lembrava há dias Antero Braga, o livreiro da Lello.
Voltando a Mário de Carvalho, que já aqui citei, «(...) estas pessoas [os governantes] não têm a noção do bem comum, do interesse público. Não faz parte dos seus quadros mentais. Não quer dizer que Passos Coelho seja um mau rapaz, mas o percurso desta gente é de quem vive de expedientes e está atrelado a interesses. Gostava de ser governado por homens livres. Nunca vi as coisas tão degradadas.»

Quem nos (des)governa nem sequer percebe que o investimento na cultura tem retornos (vários), de que todos podemos sair enriquecidos a diferentes níveis.
O Estado tem obrigação de preservar aquilo que é o nosso património colectivo, a nossa identidade.

Classificar o inclassificável

Qual é a melhor pintura de sempre?
Qual é a melhor peça de teatro?
Qual é o melhor livro?
Qual é a melhor peça musical?
Qual é o melhor filme?

A publicação do Instituto de Cinema Britânico, Sight and Sound, reunindo um largo painel de especialistas, elege o "melhor filme de todos os tempos" de 10 em 10 anos.
Este ano, contrariando a votação das últimas cinco décadas, Vertigo - A mulher que viveu duas vezes, de Alfred Hitchcock, destronou Citizen Kane - O mundo a seus pés, de Orson Welles.


Ao fim de 50 anos, um filme do ano em que nasci (1958), ganha nas preferências a um filme de 1941.
O que tornou Vertigo o melhor ou o que tornou Citizen Kane pior, a não ser a opinião de um número limitadíssimo de pessoas, mesmo que especialistas?
Gostos podem discutir-se, mas estas "vitórias" são tão relativas que só interessam pela publicidade e só interessam a uma comunicação social que tem necessidade delas.
Provavelmente o resultado desta votação estará relacionado com a existência de uma recente versão restaurada de Vertigo, a qual está em exibição, a partir de hoje, em Lisboa e no Porto.

Como é costume dizer-se, "as sondagens valem o que valem", o que também não me parece que valha muito.
Por mim, preferia que fosse Morangos silvestres ou O sétimo selo, de Bergman (por acaso, ambos de 1957 - que bela colheita!), Amarcord ou 8 1/2, de Fellini.
Ou seja, nada de novo.
Parece que não ando a perder nada no cinema!

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Amores de perdição

Têm sido recordados os 150 anos da edição de Amor de Perdição, a novela de que Camilo Castelo Branco não cessou de dizer mal.
Até os Prós e Contras fizeram da obra tema central de debate, dividindo os convidados, provavelmente, entre os que choram e os que riem com o romance.
Livro catarse - «Escrevi o romance em quinze dias, os mais atormentados da minha vida. Tão horrorizada tenho deles a memória, que nunca mais abrirei o Amor de Perdição, nem lhe passarei a lima sobre os defeitos nas edições futuras, se é que não saiu tolhiço incorrigível da primeira.» (Camilo, Memórias do cárcere)


Camilo reaparece no século XXI, não por virtude da metempsicose, mas porque os seus amores e os de Ana, e os de Simão, Teresa e Mariana tiveram desde logo uma recepção de primazia e a vaga foi duradoura.
«O livro agradou como está. Seria desacerto e ingratidão demudar sensivelmente, quer na essência, quer na compostura, o que, tal qual é, foi bem recebido.» (Camilo, 1863)


Junto à antiga Cadeia da Relação do Porto, onde, em 1861, no cárcere, Camilo escreveu o romance, para afogar as horas e as suas meditações silenciosas, encontramo-lo agora com Ana. Que usufruam dos seus amores, por muitos e bons anos.

O acaso de ter assistido à colocação da estátua,
no Sábado passado, no espaço fronteiro à
Cadeia da Relação (Praça Amor de Perdição?)
A estátua, do escultor Francisco Simões, foi inaugurada no Domingo, dia 16.
 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O Porto (por quem nasceu debaixo doutro céu)

 
«A cidade não é alegre; parece banhada por uma acidulada melancolia barroca, que as águas do rio reflectem, por não conseguirem arrastá-la para o mar, que principia ali adiante, na Cantareira. Os seus nevoeiros são espessos e pesados, com vagares de mulheres de soalheiro pelas escadarias. A humidade nalgumas paredes é quase perpétua, a não ser que sejam lágrimas - há na cidade tanta e tanta razão para chorar! O meu entendimento do Porto não é grande, eu sei. Nasci debaixo doutro céu, lá para o sul, em campos infindavelmente rasos de trigo (...)»
Eugénio de Andrade, Os afluentes do silêncio


quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

"Eu não intendo nada sobre o império"

Foi a resposta de uma das minhas alunas a uma pergunta da ficha de avaliação que abordava o Império Romano.
O problema maior é não querer entender. E se fosse só sobre o império!...

Mas não tem importância. Será mais uma das "escravas" do novo império.

«Brilha o céu, tarda a noite, o tempo é lerdo, a vida baça, o gesto flácido.»
Mário de Carvalho, Um deus passeando pela brisa da tarde

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Pelos cantos da paz

Começar cedo o "exótico" dia de 12 do 12 de 12.


A oportunidade de conhecer (apressadamente - contra o próprio princípio imanente do espaço) o Buddha Eden - Jardim da Paz.

 
 

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Brinquem, brinquem... Ainda acabamos assim!

Adorando os nossos queridos líderes - o triunvirato: Coelho, Gaspar, Relvas!
Portas é despromovido a n.º 4.


 
 

Um pouco de cultura é uma coisa perigosa

Há uns anos foi o Acontece, do Carlos Pinto Coelho.
Agora é o Câmara Clara.

A razão parece ser a mesma: bruteza!
Aquilo que não se compreende, que não se atinge, que não se domina... corta-se.

«A cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os ditadores.»
António Lobo Antunes

Paula Moura Pinheiro coloca a questão, premente, "de saber que meios, que espaço e que visibilidade reserva o serviço público de televisão à cobertura de uma das áreas nevrálgicas do desenvolvimento do país: a inovação nas artes e nas ideias e a conservação do nosso extenso e precioso património cultural - da literatura à arquitectura."

A produção fica cara, alegam.
Quanto se gasta com a apresentação de programas e concursos imbecilizantes?

Segundo a lenda, de tudo o que tocava, Midas fazia ouro.
Entre nós, de tudo o que toca, Relvas faz merda.

Fica o anúncio para o próximo Domingo:
«Na última emissão do Câmara Clara reunimos alguns dos melhores momentos dos quase sete anos de vida do programa. Com a colaboração de todos os jornalistas da equipa, Paula Moura Pinheiro, Inês Fonseca Santos e Luís Caetano recordam, em estúdio, grandes passagens de escritores, artistas visuais, músicos, actores e encenadores, arquitectos, investigadores no Câmara Clara. Vai surpreender-se, rir-se e comover-se. Um programa a não perder.»


P.S. - O título do post foi roubado a Alexander Pope.

domingo, 9 de dezembro de 2012

O Pai Natal e os ETs


Não será da vodka?

É verdade que começo a acreditar que os políticos que estão à frente dos destinos de muitos países são perfeitos E.T.s!!!

Quanto ao Pai Natal... se ele levasse o nosso Coelhinho ao circo daqui para fora, eu voltava a acreditar!...

Encontrei a fotografia!

Mensagem com um destinatário (colectivo) bem definido, mas aberta a quem queira.

A fotografia era esta.


Tirada na escola, em 1996, estavam vocês no 8.º ano. Está a turma toda, incluindo o "cometa" Faizal, que passou por nós durante um ano, nem me lembro se completo.

Tirando três dos elementos - Lara, Pedro e Soraia, para além do Faizal - conhecemo-nos há... 20 anos.
Já é muita coisa: 2/3 da vossa vida.

Para a posteridade.

Já comiam com pauzinhos

À procura de uma fotografia vossa, que não cheguei a encontrar, achei esta.


A curiosidade, em relação ao jantar de 6.ª feira, é a de se poder verificar que já comiam com pauzinhos (eu não!). A diferença é que se tratavam de pauzinhos chineses.

Um beijinho especial à jovem do cantintinho direito, tão direitinha, que hoje é aniversariante.
Que tenhas mais sorte e sejas mais feliz no ano em que agora entras.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Encontrámo-nos para jantar

Dá-me sempre uma enorme satisfação ter a vossa companhia.

Quem esteve no jantar sabe do que se trata
É difícil juntar a família toda.
Entre maridos/maridas, filharada, lonjuras e deveres, foi pena termos sido poucos.

Sobre alguma conversa, recomendo esta leitura - desculpem a falta de modéstia.
Em relação a vocês... sou vaidoso!


P.S. - Acrescento, com um dia de atraso, que nos encontrámos por uma razão muito mais forte. Mas jantar não faz mal, certo?

Cantinhos da Parede (3)


Adere a um partido

«A Répública divorciou-se da Inteligência. Adere a um partido. Convicções? Que importância tem isso? Abrimos uma garrafita?»
José Rodrigues Miguéis, Idealista no mundo real

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Governo de pardalada

Foi Mário de Carvalho quem falou do "Governo de pardalada". Os boys que, com tanto jovem nas assessorias e como especialistas - muito conhecimento, muita muita experiência! - estão mais próximos de ser vytelos

 
Por mais que se prometa isenção, seriedade e outras atitudes do género, o pé foge sempre para a chinela.
 
 

Nossa Senhora Aparecida

Do conjunto de edifícios que Niemeyer "planejou" para Brasília, o primeiro terá sido o da Catedral, a Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida. Ele, que até era ateu, começou por um espaço religioso.
Mas parece-me que há ateus verdadeira e intrinsecamente mais religiosos que os beatos.

No acesso à catedral, as esculturas em bronze representando os 4 evangelistas



 
Elis Regina - Romaria