"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

A falta de um desígnio colectivo

Diário de Notícias de hoje

Assino por baixo!

Cartoon de João Abel Manta (1975) - Um problema chamado Portugal


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

José Afonso - Que amor não me engana




32 anos é muito tempo!...

Dizia Paulo Freire que a educação, sozinha, não pode transformar a sociedade, mas que sem ela a sociedade não muda.
Como professor, devo acreditar na mudança - ser um homem de esperança - dando um sentido a tudo o que faço.
Há 32 anos nesta vida, tenho um capital de esperança e de alegria cada vez mais reduzido.
(e o que faço parece-me que vai perdendo sentido)


sábado, 21 de fevereiro de 2015

Penso que gostaria de escrever sobre Bach

«Há o silêncio das paredes, da escuridão; os meus passos no corredor. Ando contigo de um lado para o outro, e canto para ti em voz baixa: Mache dich, mein Herze, rein.
Sempre esta ária da Paixão segundo Mateus. A última ária, para baixo, tão solene e íntima, com as cordas tão doces a envolverem a voz. Não sei o que as palavras querem dizer. Bastaria abrir o caderno que acompanha o CD, ler o texto, as traduções para inglês, para francês, compreender o texto da ária. Mas não procuro o caderno, não o abro; não quero saber o significado das palavras, só cantá-la assim, em voz baixa, verter a melodia desta música sobre o silêncio que nos toma, sobre o teu corpo a adormecer. 
(...)
Mas murmuro sempre, continuo a murmurar para ti, sempre, Mache dich, mein Herze, rein…, como se estas notas de música pudessem proteger-nos, esses pequenos sons, um pouco de calor entre os nossos corpos. Uma breve melodia, no meio da noite, tudo o que temos, tudo o que existe em nós.»
Pedro Eiras, Bach






Exemplo da falta de dignidade


«Foi um espetáculo inédito de humilhação gratuita de um estado soberano. Ao Ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, foi dada a oportunidade de exibir num espetáculo televisivo a Ministra das Finanças de Portugal, Maria Luís Albuquerque, como troféu de uma política europeia errada que destrói a solidariedade entre os povos, perturba o funcionamento dos sistemas políticos democráticos e ameaça a própria sobrevivência da União.»
Pedro Bacelar de Vasconcelos, Jornal de Notícias, 20 de Fevereiro de 2015


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Dignidades (ou cãozinho amestrado)



«Nada nos limpará da indignidade de nos terem passado a mão pelo pelo e termos abanado o rabo.»
Ferreira Fernandes, Diário de Notícias de hoje


Prognósticos, só no fim do jogo

É muito possível que o governo grego acabe a fazer muitas coisas que dizia não querer.
Mas uma coisa é certa: a Europa comunitária, sobretudo a do Euro, está a abanar.
Parece que, afinal, não há só um caminho.



«Ou a Comissão Europeia é uma instituição irrelevante e Jean-Claude Juncker um papagaio inútil, ou a crise na zona euro começou a mudar esta noite de rumo. A afirmação de que a troika pecou contra a dignidade dos cidadãos dos países intervencionados é muito mais do que uma confissão de arrependimento ou de fracasso, é uma declaração política que desentala a negociação com a Grécia, entala o governo português e confronta a Alemanha.»
Pedro Santos Guerreiro, Expresso diário de hoje


quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Luísa Dacosta - o fim dos sonhos

«Na infância, o sonho tinha muitas moradas: nas árvores do quintal, no quarto das malas, nos retratos antigos, nos panos orientais da sala, na noite, no longe e no fundo do tempo dos dias a vir. Mas uma dessas moradas, e muito da minha atenção, era a casa das bonecas, instalada no armário de sacristia do meu quarto. (...) Quando as portas do armário se abriam o sonho desdobrava, também, as suas asas. E eu entrava na ficção, feliz, daquele mundo de faz de conta...»

E Luísa Dacosta quis partilhar com os seus alunos (e outros) o clima da sua infância.
E nem sempre a infância - e toda a vida - se faz só de sonhos.

«Lamento sair desta vida bastante desiludida. Por exemplo, em relação à alegria com que festejei o fim da II Guerra, a pensar que nunca mais havia guerras, e que vinha aí a solidariedade, a democracia e a liberdade para todos. Mas não. Estamos num mundo criminoso em que 70 por cento da população mundial não tem acesso à água, à comida, à saúde, à educação. Sobretudo, incomoda-me partir com a certeza de que a parte mais esmagada deste mundo é a mulher. Isso dói-me. A pessoa sai daqui a pensar que certas coisas pelas quais lutou já nunca mais aconteceriam, e afinal pioram. Nunca pensei que as mulheres se fizessem a elas próprias bombas. É preciso um desespero terrível e já não acreditar em mais nada, para se fazer uma coisa dessas. Isto significa que criámos um mundo que é imoral. Há uns que julgam que já viram tudo, que já sabem tudo, que já têm tudo, e há outros que andam a esgravatar, a ver se encontram umas sementes na terra. É uma coisa atroz. Nunca fui optimista, mas tão pessimista como agora, também não.»


Luísa Dacosta morreu na véspera de fazer 88 anos.



segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

A cultura como aposta estratégica


«(...) há também um efeito económico que a cultura pode ter, embora isso por vezes seja visto de uma forma instrumentalizadora. Acho que esse impacto deve ser valorizado, num país ou numa cidade em que o turismo tem um papel crescentemente relevante. 
As instituições culturais podem ajudar a qualificar a oferta turística, o que tem efeitos indirectos. (...) É preciso pensar também as consequências económicas da cultura em termos de emprego.
Desde 2009, quando se começou a desenhar esta crise, que achei que fazia sentido apresentar um programa anti-crise baseado na cultura, o que fiz numa conferência no Porto, quando ainda era presidente de Serralves. Mas, infelizmente, foi pregar no deserto. (...)
As limitações financeiras não podem autolimitar-nos no esforço de lutarmos por uma cultura viva e influente na sociedade, que no fundo ajude a dar sentido à vida.
(...) Temos de recolocar a cultura no centro da sociedade contemporânea. Porque a cultura, a arte e os artistas em particular podem ajudar a equacionar e resolver alguns dos seus problemas.
(...) Eu acredito profundamente que a cultura devia ser uma aposta estratégica.»
António Gomes de Pinho, entrevista ao JL de 4 de Fevereiro de 2015

Alguém que explique isto ao Governo, mesmo fazendo um boneco. Trata-se de um Governo sem cultura!

A leitura da entrevista teve outra força no dia em que professores e alunos se manifestaram em frente ao Ministério da Educação e Ciência contra o atraso no pagamento de verbas devidas às escolas do ensino artístico especializado.


É que o Governo também não sabe o que é a dignidade do trabalho.


sábado, 7 de fevereiro de 2015

Parabéns, Juliette Greco

Nasceu a 7 de Fevereiro de 1927.



Artur Pastor


Encontro com Artur Pastor, fotógrafo (1922 - 1999), num documentário da RTP 2.
No ano passado houve uma exposição de trabalhos seus distribuída por três pontos de Lisboa, sendo dois deles o Arquivo Fotográfico Municipal e o Museu da Cidade.

Pouco conhecido, foi um fotógrafo que deixou um vasto retrato de Portugal (do mundo rural alentejano ao litoral piscatório, e também de Lisboa), sobretudo das décadas de 1950 e 1960.

O seu trabalho é divulgado aqui e o catálogo da exposição em Lisboa pode ser descarregado em formato pdf a partir do site do Arquivo Fotográfico de Lisboa.








sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Bob Marley

Como seria Bob Marley se tivesse 70 anos?



Padre António Vieira na mesma nau

«Todos imos embarcados na mesma nau, que é a vida, e todos navegamos com o mesmo vento, que é o tempo.»
Padre António Vieira

António Vieira nasceu a 6 de Fevereiro de 1608, próximo do local onde nasceu o outro António, que era Fernando (de Bulhões).
A água por aquele sítio de Lisboa devia ter qualquer coisa...



quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Busto de Adriano

Foi encontrado numa escavação arqueológica, em Yecla (Murcia), um busto do imperador Adriano esculpido em mármore branco, com 52 cm de altura e datado de cerca de 135.

Mais uma estátua para as suas memórias.

O busto de Adriano
(a senhora não sei quem é)


Custe o que custar

Continuando em passadas curtas (ou saltos de coelho)...
Há expressões - sound bites - que se colam às pessoas, para o bem ou para o mal. A maioria das vezes mais para o mal - sound bites infelizes.
Como o "custe o que custar", em dois momentos e dois contextos diferentes.


Para a troika sim - sem condições.
Para "salvar vidas humanas" (expressão do próprio) vamos com calma - têm de se analisar bem as situações.