"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Tendências de "administração" dos professores

«Desde o início do século XXI, têm surgido novas tendências de "administração" dos professores, cruzando três lógicas distintas.

A primeira é o reforço de dispositivos de avaliação, acentuando não os processos de desenvolvimento profissional, mas o estabelecimento de hierarquias dentro do professorado. Num contexto marcado pela omnipresença de indicadores internacionais, estes dispositivos tendem a evoluir para uma remuneração em função dos resultados escolares dos alunos. 

A segunda é a intensificação do trabalho dos professores, que vem atingindo níveis impensáveis, seja por via de uma escola transbordante, que quer fazer tudo, seja por via de uma burocratização crescente da vida escolar e docente.

A terceira é a inflação de materiais didácticos e pedagógicos, impressos ou digitais, que se destinam a "facilitar" a acção docente, mas que representam uma diminuição da autonomia dos professores e do seu trabalho profissional.

Ainda que por vias diferentes, todas estas políticas têm consequências nefastas na vida dos professores. Mais do que nunca, é necessário reforçar a profissionalidade docente, através de dinâmicas colaborativas e de uma maior participação dos professores na vida das escolas e nas políticas públicas de educação.»
António Sampaio da Nóvoa
(intervenção no congresso dobre a actividade docente em todos os níveis de ensino, organizado pela Fac. de Psicologia e de Ciências da Educação da Univ. do Porto)


domingo, 12 de novembro de 2017

O Panteão Nacional... para lá da (actual) polémica

Santa Engrácia viveu ao sabor do tempo, dos sucessivos atrasos da sua construção e dos acasos da sua ocupação/função, nem sempre de acordo com a sua nobreza ("o mais belo dos nossos monumentos do século XVII", segundo Ramalho Ortigão) - quartel, depósito de material de guerra, oficina de calçado...

Santa Engrácia tem uma longa história de tolerância. Um jantar é só um pequeno pormenor, um fait-divers em que somos pródigos.
E essa prodigalidade floresce quando parece que alguém descobre a pólvora e consegue criar um alvoroço que percorre as redes sociais - o agitar de asas da borboleta -, contagia os meios de comunicação social, entidades muito sensíveis a esses bater de asas e... depois, alguém se lembra que a pólvora há muito que foi descoberta. E dá-se o bater de asas de sinal contrário. 
Porque, afinal, jantares e festas já lá houve muitos (por que razão se fizeram tabelas de preços?), tendo passado despercebidos. A memória é curta ou o conhecimento é pouco. 
Mas, pelo menos, tivemos assunto de conversa para o fim de semana e ainda ficam os ecos.

Se não me parece desadequado? Parece!




Por acaso, isto é, levado por Manuel de Arriaga, fui lá ontem, ainda mal informado do jantar de encerramento da (ou do?) Web Summit

Ao acaso de diferentes contextos políticos se tem decidido sobre as personalidades cujos restos mortais aí devem repousar - que critério para juntar Manuel de Arriaga, Teófilo Braga, Sidónio Pais e Óscar Carmona? 
Isto a propósito de Presidentes. Porquê estes (ou só estes), dois a dois de "sinais" tão contrários?

E os escritores? Garrett, João de Deus, Junqueiro, Aquilino, Sophia... 
Mas por que não aquele e o outro, Saramago, por exemplo, que foi Nobel, mais oitocentistas - Eça, Herculano, Camilo - ou Torga, Raul Brandão, Pascoaes, Vergílio Ferreira... ou Nemésio, Jorge de Sena, José Rodrigues Miguéis... 

Por que não artistas plásticos? Amadeo, Almada, Vieira da Silva...
E por que não cientistas, filósofos?
Vamo-nos lá lembrar... 

Já lá estão a Amália e o Eusébio, tendo este último animado (involuntariamente, coitado, porque o próprio nem chegou a saber) a discussão sobre os critérios que devem levar à decisão de "pantear" os nossos cidadãos mais ilustres. 
Quem será o próximo? 


Voltemo-nos para o já esquecido sorriso das vacas!
Fiquemos pelas vistas:








A vista do terraço permanecerá.
Independentemente das (ou dos?) Web Summits, dos "tumulados" (e "destumulados") no Panteão, dos cruzeiros, com ou sem terminais..., ou de alguma névoa sobre o rio...


P.S. - De quem se encontra no Panteão, creio que só me faltou referir Humberto Delgado. 

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

A Revolução Bolchevique

Há poucos dias (31 de Outubro) celebraram-se os 500 anos da revolução luterana.
Nunca Lutero terá pensado que, ao pregar na porta da igreja do castelo de Wittenberg as 95 teses contra a venda de indulgências pelo papa, iria dar início a uma transformação que ultrapassou o estrito campo religioso e abalou o mundo ocidental.

Desde então, na esfera política e social, a Francesa e a Russa foram as revoluções que se seguiram e moldaram os dois últimos séculos.

Da Revolução Russa comemoraram-se ontem os 100 anos.
De França permanece o ideal da trindade Liberté, Egalité, Fraternité.
Nos dias de hoje, há quem se interrogue se Outubro chegou (mesmo) ao fim.


«Aparentemente, só era preciso um sinal para os povos se levantarem, substituírem o capitalismo pelo socialismo, e com isso transformarem os sofrimentos sem sentido da guerra mundial em algo mais positivo: as sangrentas dores e convulsões do parto de um novo mundo. A Revolução Russa, ou, mais precisamente, a Revolução Bolchevique de Outubro de 1917, pretendeu dar ao mundo esse sinal. Tornou-se, portanto, um acontecimento tão fundamental para a história deste século quanto a Revolução Francesa de 1789 para o século XIX. Na verdade, não é por acaso que a história do século XX (...) praticamente coincide com o período de vida do Estado nascido da Revolução de Outubro.
(...) A Revolução de Outubro produziu de longe o mais formidável movimento revolucionário organizado na história moderna.»
Eric Hobsbawm, A Era dos Extremos - História breve do século XX 1914 - 1991


terça-feira, 7 de novembro de 2017

A Revolução de Outubro em Novembro

Há 100 anos...



A 7 de Novembro de 1917, pelo calendário gregoriano, 23 de Outubro pelo calendário juliano, em vigor na Rússia de então, os bolcheviques, comandados por Trotski, tomaram de assalto o Palácio de Inverno, sede do Governo, e outras posições-chave.

À noite desse dia, os sovietes, reunidos em congresso, confiavam o poder a um Conselho de Comissários do Povo chefiado por Lenine.



sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Agarrados!



Catalunha candidata ao Nobel do disparate político

Pior era difícil!
"Tiros no pé", "golos na própria baliza", as expressões que quiserem... 


Quando os independentistas estão na mó de baixo, o Governo espanhol faz disparate, de forma a reanimá-los.

Quando o Governo espanhol está sob a mira da crítica, os líderes(?) independentistas resolvem disparatar, de forma a dar argumentos ao poder central.