"Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros ou para o sorriso das vacas."
Marguerite Yourcenar, Memórias de Adriano (revista e acrescentada por Carlos C., segundo Aníbal C. S.)

domingo, 12 de novembro de 2017

O Panteão Nacional... para lá da (actual) polémica

Santa Engrácia viveu ao sabor do tempo, dos sucessivos atrasos da sua construção e dos acasos da sua ocupação/função, nem sempre de acordo com a sua nobreza ("o mais belo dos nossos monumentos do século XVII", segundo Ramalho Ortigão) - quartel, depósito de material de guerra, oficina de calçado...

Santa Engrácia tem uma longa história de tolerância. Um jantar é só um pequeno pormenor, um fait-divers em que somos pródigos.
E essa prodigalidade floresce quando parece que alguém descobre a pólvora e consegue criar um alvoroço que percorre as redes sociais - o agitar de asas da borboleta -, contagia os meios de comunicação social, entidades muito sensíveis a esses bater de asas e... depois, alguém se lembra que a pólvora há muito que foi descoberta. E dá-se o bater de asas de sinal contrário. 
Porque, afinal, jantares e festas já lá houve muitos (por que razão se fizeram tabelas de preços?), tendo passado despercebidos. A memória é curta ou o conhecimento é pouco. 
Mas, pelo menos, tivemos assunto de conversa para o fim de semana e ainda ficam os ecos.

Se não me parece desadequado? Parece!




Por acaso, isto é, levado por Manuel de Arriaga, fui lá ontem, ainda mal informado do jantar de encerramento da (ou do?) Web Summit

Ao acaso de diferentes contextos políticos se tem decidido sobre as personalidades cujos restos mortais aí devem repousar - que critério para juntar Manuel de Arriaga, Teófilo Braga, Sidónio Pais e Óscar Carmona? 
Isto a propósito de Presidentes. Porquê estes (ou só estes), dois a dois de "sinais" tão contrários?

E os escritores? Garrett, João de Deus, Junqueiro, Aquilino, Sophia... 
Mas por que não aquele e o outro, Saramago, por exemplo, que foi Nobel, mais oitocentistas - Eça, Herculano, Camilo - ou Torga, Raul Brandão, Pascoaes, Vergílio Ferreira... ou Nemésio, Jorge de Sena, José Rodrigues Miguéis... 

Por que não artistas plásticos? Amadeo, Almada, Vieira da Silva...
E por que não cientistas, filósofos?
Vamo-nos lá lembrar... 

Já lá estão a Amália e o Eusébio, tendo este último animado (involuntariamente, coitado, porque o próprio nem chegou a saber) a discussão sobre os critérios que devem levar à decisão de "pantear" os nossos cidadãos mais ilustres. 
Quem será o próximo? 


Voltemo-nos para o já esquecido sorriso das vacas!
Fiquemos pelas vistas:








A vista do terraço permanecerá.
Independentemente das (ou dos?) Web Summits, dos "tumulados" (e "destumulados") no Panteão, dos cruzeiros, com ou sem terminais..., ou de alguma névoa sobre o rio...


P.S. - De quem se encontra no Panteão, creio que só me faltou referir Humberto Delgado. 

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